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Mostrando postagens de outubro, 2018

Review: Sex Pistols - Never Mind The Bollocks, Here’s The Sex Pistols (1977)

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Começando este sábado de halloween com um disco clássico do punk rock. Never Mind The Bollocks, Here’s The Sex Pistols é o primeiro e único álbum dos ingleses do Sex Pistols. Banda idealizada pelo manager Malcom McLaren, depois de ter tido experiências com o New York Dolls e de ter ”roubado” o visual do Richard Hell, importando para a Inglaterra. Malcom tinha uma loja de roupas com sua esposa Vivian chamada “SEX” e acreditasse que o nome da banda tenha saído daí. O grupo então com Steve Jones, Glen Matlock, John Lydon (ou Johnny Rotten) que viria a fazer mímica de ”School’s Out” para entrar na banda, junto com Paul Cook, formaram o que chamam de fase inicial dos Pistols. Depois de ensaios e mais ensaios, a banda começa a compor e assim surgirem músicas que apareceriam em seu 'debut'. “Anarchy in the UK” que se tornou um hino da anarquia, passando pela pesada letra de “Bodies”, “Problems” a memorável “Pretty Vacant”, e as outras faixas (não menos importantes - d...

Linder Sterling: Viciada em criar

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Linda Sterling nasceu em 1954, em Liverpool, terra dos Beatles. Mas não foram os Beatles que a ligaram com a música. A família de Linda é o retrato da desigualdade que todo brasileiro conhece bem. Até aquele momento, nem todo britânico tinha acesso à educação, de qualidade ou não. Linda foi o primeiro membro dos Sterlings a conseguir cursar faculdade. Em 1973, ela mudou-se pra Manchester pra estudar arte. Ela disse certa vez: “quando fui à escola de arte, eu era a única pessoa da minha família a conseguir estudar depois dos quatorze anos de idade. Quem chegasse nessa idade já tinha que estar ralando de sol a lua. Então, eu tinha que provar que o esforço valia a pena. Mas, já em 1976, eu estava bem entediada em desenhar e acabei destruindo toda a minha produção. Foi um ato bem punk aquilo – destruir o passado por tédio. E assim, de repente, meu cotidiano me colocou em contato com pessoas que pensavam o mundo de modo semelhante: Jon Savage, Pete Shelley, do Buzzcocks, Howard De...

O jazz como vanguarda alternativa da música pop

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Kamasi Washington (Divulgação) Vou ser sincero com vocês: demorei décadas para entender o Jazz. Guardem isso porque será difícil ver alguém escrevendo sobre música admitir isso. Era um gênero musical quase impenetrável para minha capacidade de compreensão e, apesar de vários esforços em diferentes épocas da vida, só há pouco consegui começar a entendê-lo e, a partir daí, apreciá-lo com enorme felicidade. Sempre intuí que o Jazz, tanto quanto Rock, Blues e R&B, era herdeiro da tradição de insurgência contra as injustiças da sociedade ocidental, algo que passou, a princípio, por fazer música "burra", "impura" e "vulgar", bem distante da escola tradicional europeia, herdada pela América colonial. Era música de e para negros e brancos pobres, ambos excluídos do sistema, tentando sobreviver culturalmente num ambiente inóspito. Ele e seus primos em outros lugares, a saber, o Samba, a Salsa, o Calipso, entre outros. Este texto não pretende ser uma au...

Accept: "Balls To The Wall" - a mensagem

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Ao ouvir a música pela primeira vez, me perguntei freneticamente o que diabos o loirinho baixinho quis dizer com bolas na parede, então a curiosidade me forçou a ir atrás de algum significado. Em minhas andanças pela rede eu encontrei 2 possíveis significados. 1° Balls To The Wall (a gíria) – na série Metal Evolution, do cineasta e antropólogo Sam Dunn, a Tradução da frase aparece como “vai com tudo”, então podia funcionar como uma gíria da época. O termo é usado pelos pilotos. quando se acelera rapidamente, o acelerador é empurrado por todo o caminho até o painel e a alavanca do acelerador (bola) realmente toca o painel (parede). Daí, bolas para a parede. 2° Balls to the Wall (o protesto) – na década de 1980, a Alemanha passava por um fenômeno que se chamava “anos de chumbo” onde o Exército Vermelho (Baader-Meinhof) cometia vários atentados e perseguia a população, possivelmente o Accept se utilizou das mesmas armas dos brasileiros na época da ditadura... a ironia. Podi...

Review: Twenty One Pilots - Trench (2018)

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Acho que o Twenty One Pilots é o reflexo de uma modernização do consumo de música. Por isso, não vejo eles simplesmente como uma banda, mas como uma boa representação desse fenômeno. Hoje em dia, ouvimos música por plataformas digitais, compramos indiretamente e não nos restringimos mais a gêneros como antigamente. Os jovens atualmente consomem todo tipo de coisa, do reggae ao rap e até jazz. Tudo a um clique de distância, ou melhor, a uma playlist de distância. A sensação de ter um estilo que define quem você é também é menor hoje, já que ouvimos diversas coisas diferentes, mas não nos apegamos muito a nada. Assim, o duo formado por Tyler Joseph e Josh Dun encontra o devido espaço, afinal, eles exploram uma sonoridade que trabalha linguagens diferentes, como indie rock, reggae, rap e eletropop. Trench é o quarto trabalho do duo, depois do bem sucedido Blurryface e da música que entrou para o filme Esquadrão Suicida . Trench é um álbum conceitual, que segue explor...

Review: Greta Van Fleet - Anthem of the Peaceful Army (2018)

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Anthem of the Peaceful Army é, provavelmente, o disco de uma banda de rock mais aguardado dos últimos anos. Álbum de estreia do quarteto norte-americano ( From the Fires , que saiu o ano passado, reunia os dois primeiros EPs do grupo), o trabalho vem com onze músicas inéditas e dividirá opiniões. A principal questão em torno do Greta Van Fleet é a semelhança, muitas vezes exagerada, com o Led Zeppelin. E isso não se dá somente pela aproximação entre o timbre do vocalista Josh Kiszka e o de Robert Plant. Ela é bastante perceptível também em outros aspectos. A abordagem do guitarrista Jake Kiszka deixa claro que ele é um grande fã de Jimmy Page. O timbre da bateria de Danny Wagner não faz questão de esconder a inspiração no do falecido John Bonham, assim como as frequentes viradas que Danny encaixa nas canções também trazem à mente a imagem do saudoso Bonzo. E o trabalho de composição é, inegavelmente, influenciado pelo Led Zeppelin. Mas o Greta Van Fleet não se resume ap...

Review: Riot - Fire Down Under (1981)

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Uma das bandas mais influentes do metal do final dos anos 1970 e início da década de 1980 também é, paradoxalmente, uma das menos lembradas pelos “fãs" do estilo. Estou falando do quinteto norte-americano Riot, responsável por algumas pérolas lançadas naquela época e que inseriram novos ingredientes ao então cada vez mais popular som pesado. Ainda que os dois primeiros discos da banda sejam bem legais - Rock City (1977) e Narita (1979) -, inegavelmente foi o terceiro álbum que colocou o Riot definitivamente na história. Lançado em 9 de fevereiro de 1981, Fire Down Under é, sem exagero, um dos grandes discos do metal oitentista. Em um tempo onde ainda não existiam nomes como Helloween e outras bandas que são, de maneira correta, identificadas como precursoras do power metal, o Riot trouxe a união entre um som potente e repleto de melodia com letras sobre temas tirados de histórias de fantasia, dando sequência ao que o Rainbow de Ronnie James Dio e Ritchie Blackmore ha...

Bette Davis Eyes

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Na semiologia das artes quantos signos significantes e significados intercalados: arte nasce da arte e o rock se presta a ser porta voz no palco de todas paixões. Já curtimos o ritmo por si, imaginem quando revela cores, sensações e erotismo de outras expressões? Aquela voz seca , quase desesperada de Kim Carnes representa melhor veículo para ambiente dos anos 1930, 1940 dos grandes dramas e do filme noir. O tema? Um signo carregado de significados: o semblante poderoso de Bette Davis, seus esgares, sua força de representação e talento ímpar como vilã que todos amamos em Jezebel , A Malvada ou Baby Jane . Detalhe: em A Malvada ela era vítima de Anne Baxter, mesmo assim carregava nas tintas como mulher poderosa. A ficha técnica de Bette Davis todos podem pesquisar nos Google da vida, mas o impacto da canção gravada que explodiu mundialmente em 1980 só nós que lá estávamos adolescentes podemos dimensionar. Ah os anos 1980 que mal começavam! Quanto glamour em Boy George, Rod ...

Afinal… o que é pop punk?

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Sempre que comento com alguém que escrevo sobre pop punk, logo em seguida tenho que responder a pergunta que dá o título ao post. É contraditório colocar a palavra pop ao lado da palavra punk, que representa um movimento cultural que vai contra o sistema e tudo mais. Porém, isso é possível. Então, na 100ª edição do Pop Punk Academy, resolvi fazer um guia sobre o que é pop punk. Dividi a história do gênero em 5 eras para tentar contextualizar melhor sua origem e o que ele se tornou hoje. Hey Ho… Let’s go! 1ª Era – A Origem (Anos 70) O pop punk começa apenas alguns anos depois do punk rock. E o conceito básico do gênero está em Ramones (1976), álbum de estreia de uma das bandas mais importantes do rock. Ele apresenta os elementos que são copiados por diversas bandas até hoje: canções rápidas, melodias simples e letras sobre o cotidiano adolescente. O quarteto tinha uma vida bem desajustada, mas após os Ramones tocarem na Inglaterra, outros artistas adaptaram essa ...

Documentário: Independente de Tudo (2018)

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Com a proposta de mostrar os bastidores das bandas de pop punk de São Paulo para o meio acadêmico, a jornalista Bárbara Araujo produziu o documentário Independente de Tudo . Apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso, a produção contextualiza a cena atual do gênero e acompanha as bandas paulistanas Never Too Late e Dinamite Club. “Sempre que surgia o assunto TCC nas rodas de conversas, eu achei que seria legal fazer sobre a cena independente. Na hora de decidir o tema, eu tinha muitas possibilidades anotadas, mas o pop-punk era a que mais atraía. Eu sentia falta de um registro sobre o estilo”, conta Bárbara. A afinidade com as bandas do documentário facilitou os caminhos para o documentário. Assim como a vontade de mostrar para mais pessoas os “perrengues” enfrentados pelos os músicos independente. “Eu queria de alguma forma mostrar isso. Até porque é provável que tenha pessoas que gostam, mas não saiba como o trabalho é realmente feito”, explica. Foto: Xinxila...