Existem discos que surgem pra mudar a história, seja de um grupo, um estilo, ou algum segmento. Toto IV, como o próprio nome diz, é o quarto disco da banda de Los Angeles formada nos anos 70 e que surgiu pra consolidar ainda mais o grupo que já havia sido indicado ao Grammy de Melhor Artista Novo do ano em 1979.
Antes mesmo do experimentalismo se popularizar, o Toto ousava bastante na inserção de diferentes referências, e seu disco IV, surgiu pra recuperar o prestígio que a banda havia perdido com o álbum anterior, Turn Back, que foi um fracasso comercial, após o bom início. Pressionados pela gravadora, o grupo foi pra estúdio em busca de um novo sucesso e saiu de lá com uma pérola que consolidou e marcou história no Melodic Hard Rock (ou AOR para os mais íntimos). O reconhecimento foi tamanho, que a banda conseguiu levar pra casa seis Grammys entre eles, foi vencedor nas categorias Canção do Ano (para Rosanna), Álbum e produtor do ano. O feito do grupo chama mais atenção ainda se levarmos em consideração que no ano de 1982 o mundo conhecia Thriller de Michael Jackson, o álbum mais vendido da história da música. Mesmo tendo sido lançado bem antes que Thriller, IV, conseguiu a façanha de estar em no TOP 10 da Billboard quando o mundo inteiro cantava e dançava Billie Jean e Beat It.
Em seu tracklist, IV, mostra uma mistura de diversos estilos como jazz, R&B, Hard Rock e Rock Progressivo. A bolacha inicia-se com Rosanna, uma homenagem à Rosanna Arquette, namorada de Steve Porcaro na época. Porcaro merece um destaque individual pelo maravilhoso solo que entra fácil na lista de 10 maiores solos de teclado da história do rock. Belos teclados, uma excelente dobradinha com um saxofone, belas vocalizações e uma levada jazz constróem a canção seguinte, Make Believe. Na sequência I Won’t Hold You Back cantada por Steve Lukather, é uma belíssima balada com um arranjo orquestrado muito bem produzido.
Good For You retoma o clima dançante com linhas de órgãos que dão certo clima épico ao play e é encerrada com um belo solo do sempre competente Steve Lukather. Em sequência Afraid of Love põe mais peso ao tracklist com um Hard Rock forte e vigoroso colocando em evidência ainda mais a característica de um grupo onde todos cantam e participam ativamente da construção musical.
Encerrando o disco, uma faixa que merece um parágrafo inteiro só pra descrevê-la. Africa, canção que voltou à tona ao mainstream por estar na trilha sonora de Stranger Things, abençoa as chuvas que caem no continente através de uma belíssima linha de percussão que é sobreposta pelo belo piano do maestro David Paich e chegando ao seu ápice no momento em que Bobby Kimball assume a responsabilidade no vocal, ajudado com a onipresente cama de backings, feita por Paich, Porcaro e Lukather.
Toto IV, em seus 42 minutos de duração mostra uma banda coesa, com músicos altamente competentes em seu melhor momento criativo em que nota-se em todas as faixas o cuidado nos arranjos e na produção. Um clássico máximo na história do AOR.
Por Murilo Tinoco (A Hora da Farofa)
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