Postagens

Mostrando postagens de maio, 2019

Acústico MTV

Imagem
Por que o Acústico MTV não se chama simplesmente Acústico ? Por ser um show especialmente feito para TV. O Acústico MTV foi criado por um cameraman americano exatamente com a intenção de privilegiar a fotografia, os planos longos, os movimentos de câmera com começo-meio-fim. O fato de ser acústico é proposital para também desacelerar a música, e fazê-la se encaixar nos planos lentos e artísticos, além de trazer uma apresentação diferente e absolutamente intimista (não à toa a plateia ficava sempre bem próxima aos músicos). Aqui no Brasil essa proposta se perdeu e são poucos os Acústicos que pegaram na veia, aqui no caso, em relação ao meu gosto e ao que eu assisti. Mas disso falo mais ali na frente... Comecei a fazer direção artística na MTV em março de 1994, e em algum momento desse mesmo ano passei a ser o responsável por todos os ‘ao vivo’ que chegavam à emissora. “Todos” significa todos mesmo, desde pequenas apresentações nos estúdios das MTVs pelo mundo ...

A crítica musical não morreu, mas deve se transformar

Imagem
Um amigo se perguntou se deveria estar nesse site no início desta semana. Ele não foi o primeiro a refletir sobre isso. Dan Ozzi, do Noisey, ponderou sobre o mesmo assunto no início deste ano, e o Invisible Orange postou um questionamento semelhante cinco anos atrás. Nenhum deles encontrou uma resposta adequada à pergunta: os reviews de discos se tornaram obsoletos? Todos sugerem essencialmente que “sim”, mas como as resenhas seguem pipocando a cada novo lançamento, a resposta é, obviamente, “não”. A questão persiste. De fato, agora, quando parece que todo pensamento crítico e qualquer tipo de análise cultural está se despedaçando em ritmo acelerado, é o momento mais importante para entender como a crítica funciona, pra que ela serve e qual a sua importância. A verdadeira resposta é que a crítica musical está, atualmente, em uma espécie de limbo. Ela atravessa um processo de transformação que ainda não chegou ao fim. E o motivo que levou a isso é um só: a internet. A int...

Hubert Kretzschmar: O artista das mil faces

Imagem
O que “Some Girls”, “Tatto You” e “Undercover”, dos Rolling Stones, além de “Face The Heat”, do Scorpions, “Electric Café”, do Kraftwerk, têm em comum? Todos têm ligação com o alemão Hubert Kretzschmar, artista gráfico autor de capas desses discos famosos, além de pôsteres promocionais de trabalhos e turnês de gente como Björk, Pet Shop Boys, Depeche Mode, Jethro Tull, The Psychedelic Furs, The Dead Kennedys, Queen, Iggy Pop, Frankie Goes To Hollywood, Soft Cell, Tears For Fears, Orb, Yello, 50 Cent, Dead Boys, Yes e coloca etcetera aí. Hubert Kretzschmar nasceu em 1954, em Karlsruhe, cidade do sudoeste da Alemanha, a poucos quilômetros da fronteira com a França. A cidade de pouco mais de trezentos mil habitantes é berço também de nomes como Karl Benz (criador do veículo automotor e cuja empresa acabou virando a Mercedes-Benz), Heinrich Rudolf Hertz (que descobriu as ondas eletromagnéticas), Karl Freiherr Von Drais (precursor da bicicleta e da motocicleta), Richard Willstätt...

A boa e perigosa mesmice do Catfish and the Bottlemen

Imagem
Em 2016, fãs do Catfish and the Bottlemen enxergaram muitas semelhanças entre o novo disco do grupo com seu antecessor. Contudo, The Ride foi um lançamento sólido pra época, consolidando a banda como grande prospecta. Só que a falta de inovação nas canções ainda gerava uma certa desconfiança do público. Três anos depois, os britânicos divulgam seu terceiro álbum, The Balance . Entretanto, assim como título e capa, as 11 novas faixas pouco se divergem do restante do trabalho deles. Apesar de ser compreensível que o conjunto tente seguir as fórmulas de The Balcony , sua ótima obra de estreia, chegou a hora de mudar. O novo disco da banda é muito interessante, para ouvintes de primeira viagem, a nova leva de músicas vai soar muito agradável. Por outro lado, grande parte dos fãs vão pensar “de novo?”. Aliás, quando Longshot , primeiro single do novo trabalho, foi divulgado, já sabíamos o que estava por vir . Ainda bom! Esquecendo um pouco as críticas, The Balanc...

"The Stone Roses": o disco que não envelhece

Imagem
Trinta anos. Lá se vão trinta anos. Olho-me no espelho e não vejo a menor mudança. Mas é só colocar uma foto daquela época ao lado e perceber que envelheci – e muito. Não é pra menos. Ainda não estou carregado de rugas e cabelos brancos, por incrível que pareça, são poucos (há alguns na barba, que não deixo crescer, então é irrelevante). Pança ainda tá como trinta anos atrás, sem aquela protuberância regada a chope. Coração, idem, exames de sangue ok. A medicina evoluiu, nosso conhecimento de alimentação e cuidados também. Não fossem as duas fotos e o tempo eu diria que sou o mesmo de 1989. Daqui a trinta anos, certamente, não terei a mesma percepção. Serei um idoso já mais perto do fim da vida do que de avistar alguma perspectiva. Só que em 1989, eu era turbo, achava que sabia de tudo, que podia caminhar na velocidade que imaginasse e que ninguém – nem nada! – podia me parar. Havia muito menos responsabilidades também, é óbvio, o que nos deixa ainda mais com essa sensação d...