30 anos de ‘Spilt Milk’ do Jellyfish

Nunca esqueço o dia em que conheci o Jellyfish, uma tarde fria de 1993, naquele momento eu ainda não tinha conhecimento do álbum de estreia deles, meu contato foi direto com o disco sucessor Spilt Milk, o impacto foi devastador.

Como fã de power pop, até então não havia presenciado algo que fugisse aos padrões normais do gênero baseados principalmente nas batidas Beatlemaníacas, não que isso não fizesse minha cabeça, fazia e muito, mas encontrar algo que colocasse nessa fórmula belíssimas dosagens de Queen, rock clássico setentista, ‘Pet Sounds’ e XTC literalmente me levou ao êxtase.
A sucessão de canções geniais como “Joining a Fan Club”, “The Ghost at Number One”, “Sebrina, Paste, and Plato”, “New Mistake”, “Glutton of Sympathy”, “Bye Bye Bye”, “He's My Best Friend” tornaram esse álbum uma obra-prima altamente viciante e única.

1993 foi um ano em que ainda respirávamos atmosferas fortíssimas de Nirvana, Smashing Pumpkins, Depeche Mode, Lenny Kravitz, Jamiroquai, Radiohead, New Order, Frank Black, Morfine, Breeders, entre tantos outros nomes que embora estivessem lançando bons álbuns haviam se distanciado, ao menos em grande parte dos citados, do auge de suas criatividades, nesse ponto Spilt Milk era um prato cheio para a ascensão global, mas não foi, inacreditavelmente não foi.
Essa verdadeira obra-prima acabou se tornando uma pérola preciosa de um nicho limitado de seguidores e nunca encontrarei explicação para isso. Lógico que com o passar dos anos o disco foi tornando-se cada vez mais cult e quem o conheceu ou o conhece pela primeira vez nunca o esquece, é impossível esquecê-lo.

Muitos afirmam que o maior obstáculo ao sucesso de Spilt Milk se deve ao fato da difícil batalha contra o domínio do grunge e o glam metal, que na época ainda eram predominantes. O único sucesso que emplacaram foi "Baby's Coming Back", embora "The King Is Half-Undressed", "That Is Why" e "The Ghost at Number One" tenham chegado bem perto disso, mas não o suficiente.



Infelizmente a banda não resistiu ao fracasso de vendas e falta de devido reconhecimento, não consigo sequer ter ideia do que passou pela cabeça de seus integrantes com uma expectativa de retorno tão baixa diante de algo tão grandioso. Eles separaram-se em 1994 deixando um legado de valor inestimável.

O que ao menos ameniza essa perda é saber que músicos brilhantes como Roger Manning, Andy Sturmer e Jason Falkner seguiram em carreiras solo geniais e inspiradas. 30 anos que celebram uma das mais subestimadas criações na historia do rock’n’roll, um filme que infelizmente já vimos antes. E você, conhece Spilt Milk?

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