Certain records challenge the listener. Boarding House Reach , Jack White's third solo album, falls into this category. After two successful works where he drank in the roots of blues and rock and seasoned the mix with some contemporary ingredients to create a very attractive and original sound, the former White Stripes turned everything upside down on their new album.
Boarding House Reach saiu no final de março. Quase 45 dias depois, essa resenha está sendo escrita. Quando tive o primeiro contato com o álbum, não entendi nada. Absolutamente nada. E confesso que isso me frustrou e me irritou, porque gostei muito tanto de Blunderbuss (2012) quanto de Lazaretto (2014). Apesar disso, não me dei por vencido e retornei ao disco diversas vezes durante todo esse tempo. Talvez essa atitude tenha aos poucos “amaciado” os meus ouvidos, acostumando-os às experimentações propostas pelo vocalista e guitarrista. É, talvez tenha sido isso.
O fato é que Boarding House Reach não é, em nenhum aspecto, um disco fácil. Assim como não é, em nenhum momento, um álbum ruim. Trata-se do trabalho mais experimental da carreira solo de Jack White, um cara que sempre gostou, desde os tempos do The White Stripes, de romper limites e ver até onde poderia levar a sua música. Em seu novo trabalho, White experimenta com colagens sonoras, efeitos eletrônicos, vocais que se aproximam do rap e canções estruturalmente estranhas, com andamentos longe do comum e ideias nada óbvias. Essa postura, por si só, já é digna de elogios e mostra a inquietude de um músico que já passou dos 40 anos, dono de uma carreira com duas décadas de duração e ainda disposto a desafiar sua criatividade.
Como acontece com todos esses álbuns que causam estranheza aos nossos ouvidos ao nos depararmos com eles pela primeira vez, Boarding House Reach requer um tempo e um estado de espírito para que se consiga entender o que Jack White está propondo. E, quando finalmente conseguimos assimilar o que sai das caixas de som, o arrebatamento é inevitável. Não vou ser hipócrita e afirmar que estamos diante de um disco genial, até porque não acho isso. Mas não há como negar que há uma enorme dose de talento e inventividade presente nas treze faixas do trabalho, em doses tão grandes que em alguns momentos o ouvinte é realmente desafiado a conseguir entender o que está acontecendo.
A canção mais convencional do álbum é “Over and Over and Over”, não por acaso a faixa que a maioria do povo que escutou o trabalho apontou como destaque imediato. Claro, ela não causa estranheza e não rompe com nada, é “apenas" uma senhora composição dona de um ótimo riff. Todos os elogios são merecidos.
Há ecos, por exemplo, da inesquecível e injustamente pouco conhecida Incredible Bongo Band espalhados aqui e ali. Eles aparecem em doses homeopáticas em “Over and Over and Over”, mas assumem o protagonismo em “Corporation”, com percussões e batidas que fazem o coração e o corpo pulsarem. O clima urbano e contemporâneo dá as caras em faixas como “Everything You’ve Ever Learned” e sua letra declamada. A abertura, com “Connected By Love”, mostra como o U2 manteria o seu ar profético mesmo sendo mais experimental. “Respect Commander” é, provavelmente, a síntese da explosão de ideias de Boarding House Reach, com colagens, riffão meio Jimmy Page e uma passagem que é jazz-rock puro lá no meio.
The point is that there is no way out indifferent after hearing the new Jack White album. And this feeling, in a time when we are exposed to a huge volume of musical information and little stored in our ears, is something to praise.
Boarding House Reach is a brave album. And in most of his songs, he gets it right by experimentation. Some tracks, especially the final trio, are really expendable, but there are a lot of strong moments, which makes listening worthwhile.
Insist, you will not regret it.
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