Review: Jetboy - Born to Fly (2019)


Born to Fly, primeiro disco de inéditas do Jetboy desde 1990, traz a dupla fundadora da banda, Billy Rowe e Fernie Rod, nas guitarras, o vocalista Mickey Finn — ainda ostentando o moicano, sua marca registrada há mais de três décadas, só que agora na cor natural — e os reforços Eric Stacy, do Faster Pussycat, no baixo, e o batera Al Serrato mostrando que quando se bebe na fonte dos Rolling Stones, mesmo que por tabela, o resultado é um rock n roll jovem, munido de atitude e atrativos para o público fora do circuito; canções de estrutura simples, centradas em riffs de guitarra e refrões que empolgam e grudam nos ouvidos.

Por falar em Stones, “The Way That You Move Me” é Jagger/Richards puro; uma “Waiting on a Friend” do novo milênio pontuada por uuuhhs e aaahhs emprestados de outros medalhões do cânone stoniano. Já “Brokenhearted Daydream” evoca o espírito dos New York Dolls e acrescenta um solo que nem Johnny Thunders nem Sylvain Sylvain seriam capazes de executar. Mas a predileta do pai aqui é a ensolarada “Every Time I Go”, cuja aplicabilidade vai desde as festas do tipo B.Y.O.B. — incluindo a malandragem de levar Skol e beber a Heineken dos outros — até filmes do Adam Sandler.

O momento motivacional, ainda que carregado de humor, fica por conta de “Inspiration from Desperation”. A mensagem está no título: se você chegou ao fundo do poço, é porque já não pode cair mais; portanto, levante-se e transforme a dificuldade em canção. Nos acréscimos, mais Stones com “Smoky Ebony” — reparem na gaita e nos backing vocals femininos — e “Party Time!”, a saideira a la AC/DC que coloca um imenso ponto de interrogação sobre a nossa cabeça: a festa já não estava rolando há mais de quarenta minutos? Na dúvida, ouça tudo de novo, novamente, mais uma vez.

O mais legal, e que perpetua toda a audição, é que tudo flui de maneira muito orgânica, sem soar como mero pastiche de outras épocas ou saudosismo gerador de receita; mesmo na segunda metade dos anos 1980, tempo das produções mais pasteurizadas e que hoje soam datadas do mundo, quando “Feel the Shake” e “Damned Nation” mostraram ao mundo do que o Jetboy era capaz, já era possível notar que Rowe, Rod e Finn não atuavam como meros escravos da tecnologia e das tendências de mercado. E a menos que o destino apronte uma das suas, este novo e empolgante capítulo está apenas começando. Sorte a nossa. Obrigado, Frontiers!

Por Marcelo Vieira (Metal na Lata)

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