Trinta anos da liberdade solo de Edgard Scandurra


Para quem gosta de música, e principalmente rock dos anos oitenta, o nome de Edgard Scandurra não é nada estranho. Um dos membros fundadores de umas das principais bandas de rock no Brasil, o Ira!, Edgard é um dos melhores guitarristas do país. Seu jeito de tocar, que mistura desde Jimi Hendrix até o punk rock de 1977, combinado com seu alto nível de composição, deram luz a hits como "Envelheço Na Cidade". Neste ano, seu ótimo primeiro trabalho solo completa três décadas de existência!

Após um disco incompreendido pela crítica, o excelente “Psicoacústica” de 1988, e uma queda na popularidade da banda, Scandurra entrou em estúdio e gravou “Amigos Invisíveis” (1989).

Tentando resgatar o som que ele tinha feito até aquele momento com o Ira!, o guitarrista tocou todos os instrumentos - com exceção do piano em "Abraços e Brigas" - e gerou um dos melhores discos de toda a sua carreira, na minha humilde opinião. “Minha Mente Ainda É A Mesma” e “Abraços e Brigas” são, sem sombra de dúvidas, duas de suas principais composições até hoje.


Altamente influenciado pela estética mod e pelo som do The Who nos anos sessenta, além da The Jam que resgatou essa sonoridade quando o movimento punk surgiu na Inglaterra, o álbum conta com a ótima cover de "Our Love Was", do terceiro trabalho da banda de Pete Townshend, “The Who Sell Out” (seria Edgard o Pete brasileiro?!?!).

Outro momento importante do disco é a canção "Bem Vindo Daniel", primeiro filho do cara com a Taciana Barros do Gang 90 (foi ela que tocou o piano em "Abraços e Brigas").


É interessante analisar que um disco tão único como “Amigos Invisíveis” surgiu em um momento em que o rock brasileiro, que viveu seus dias dourados na década de oitenta, já não tinha a mesma força. Com a eleição de Collor e um novo Brasil no horizonte, o sertanejo iria tomar de assalto as rádios durante os anos noventa e a guitarra clássica de Scandurra ficaria de lado.

Vale esperar agora uma grande celebração em homenagem a esse grande trabalho, algo que Edgard já começou a realizar no ano passado com alguns shows na cidade de São Paulo tocando o álbum na integra.


Por Daniel Abreu
Postado no Geleia Mecânica 

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