O "Meus 5 Discos Preferidos" desta semana recebe o grande Igor Miranda, jornalista de Uberlândia (MG), que escreve sobre música há bastante tempo na internet. Além de ter sido co-fundador da Van do Halen, é redator do Whiplash, editor da revista Guitarload e editor-chefe da Petaxxon Comunicação, que gerencia portais como o Cifras e o Ei Nerd.
Atualmente, tem seu site próprio (Igor Miranda - música e jornalismo), com notícias, resenhas, entrevistas, listas e muito mais que envolve o rock.
Chega de papo, vamos aos cinco discos que tiveram bastante importância em sua vida acompanhado de comentários sobre os mesmos. Obrigado pela participação, Igor!!!
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KISS, Alive III (1993)
"O álbum que me fez mergulhar de cabeça na minha banda favorita. Lembro até hoje do que senti quando ouvi esse registro pela primeira vez. Foi como um menino de 5 anos tivesse acabado de descobrir como funcionava seu brinquedo predileto.
Curiosamente, eu já conhecia algumas músicas do Kiss, das fases com e sem máscaras, antes de ouvir "Alive III". Até gostava, mas essas faixas soltas não me pegaram de primeira.
O que me convenceu em "Alive III" foi a mistura da fórmula pegajosa, com direito a riffs que entram na mente e refrães pegajosos, à técnica com a qual Bruce Kulick e Eric Singer tocavam as músicas, especialmente as mais antigas. A formação original é insuperável, mas esses dois trouxeram frescor inigualável à banda."
Guns N' Roses, Appetite for Destruction (1987)
"Provavelmente, um dos primeiros álbuns de rock que ouvi (e gostei) do início ao fim. Foi com ele que minha vida começou a mudar.
Lembro que meu primeiro contato com o rock foi com a música mais clichê deste álbum, "Sweet Child O'Mine", e seu respectivo videoclipe na MTV. Hoje, não aguento nem ouvir o lick de introdução na guitarra, mas a sensação de ouvir aquilo pela primeira vez foi algo de outro planeta.
Além de passar a assistir MTV o dia inteiro, comecei a ir atrás dos álbuns. Naquela época, só se tinha acesso mesmo à internet discada e os CDs originais eram caríssimos, então, recorri aos piratas. Comprei "Appetite For Destruction" por prováveis 5 reais e ouvi tanto que decorei até o tempo de silêncio entre as faixas.
O Guns N' Roses chamava atenção por ter um impacto visual mesmo sem abusar dos recursos de outros gigantes do rock. Ver Axl Rose cantar e Slash, Duff McKagan e outros tocarem ainda é impactante, pois são rockstars legítimos, de performances e movimentos seguros. Some isso às músicas épicas e dá para entender por que as pessoas ainda se interessam pelo Guns, mesmo com sua discografia irregular."
Van Halen, Van Halen (1978)
"O guia definitivo para qualquer guitarrista ou amante do instrumento. Somente Jimi Hendrix fez estrago tão grande quanto Eddie Van Halen na guitarra.
Antes de ouvir esse álbum, eu já conhecia algumas bandas de rock e até me interessava por guitarra, especialmente graças a Slash. Como meu acesso ao Van Halen não foi pela MTV, sequer houve impacto visual. Bastou a performance ácida de Eddie Van Halen nas seis cordas para me convencer de que aquilo era fora de série.
Além das músicas em si, o que me impressiona ali é que cada músico parecia dominar o que fazia, a ponto de serem reconhecíveis na primeira nota e serem inimitáveis. Pode procurar em toda a internet: você não vai conseguir achar alguém que soe como Eddie Van Halen, David Lee Roth, Alex Van Halen ou até Michael Anthony, se considerarmos seus backing vocals."
AC/DC, Back in Black (1980)
"A vida parece ficar mais fácil quando se coloca esse álbum para rodar. "Back In Black" traz rock em seu estado primitivo, mas com requinte de quem sabe compor uma música.
Diria que, hoje em dia, prefiro AC/DC com Bon Scott. Não só pelos discos em si, mas pelo sentimento de que a banda poderia ficar ainda melhor com ele após "Highway To Hell".
Só que o AC/DC estava tão pleno em suas decisões que "Back In Black", talvez, teria dado certo com qualquer vocalista. Sim, Brian Johnson trouxe colaborações importantes, mas o cerne deste álbum está nos irmãos Angus e Malcolm Young e no produtor Robert John "Mutt" Lange.
A formatação que Mutt conseguiu impor às composições e os timbres que a engenharia de som obteve de cada instrumentista deram a "Back In Black" o que, na minha opinião, falta em "Highway To Hell": a tal sensação, já mencionada, de que tudo fica mais fácil quando esse disco começa a tocar."
Aerosmith, Pump (1989)
"Para a última escolha, fiquei na dúvida entre esse álbum e "Dr. Feelgood", do Mötley Crüe - curiosamente, ambos lançados no mesmo ano de 1989.
É provável que eu tenha ouvido "Dr. Feelgood" por mais vezes, já que ele representa bem a minha adolescência. Porém, assim como os também clássicos "Toys In The Attic" (1975) e "Rocks" (1976), "Pump" esteve mais constante em minha vida. Ainda é o tipo de álbum que posso colocar para rodar em qualquer momento da vida que vai rolar identificação.
Demorei, inclusive, para enxergar valor nos álbuns do Aerosmith. Quando comecei a desbravar o estilo, considerava a banda de Steven Tyler e Joe Perry como ótima nos singles, mas pouco eficaz nos discos. Ainda bem que enxerguei meu erro de avaliação pouco tempo depois.
"Pump" mostra que uma banda pode se reinventar, quase que por completo, e voltar a fazer sucesso (ou até multiplicá-lo) sem abrir mão da qualidade. Ainda que seja notável por seus singles, com clipes que trazem satisfação a qualquer "filho da MTV", esse disco não tem fillers. Aqui, todas as músicas são boas. E algumas das melhores são as "lado B", como "Hoodoo/Voodoo Medicine Man", "Don't Get Mad, Get Even" e "Monkey On My Back".
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