Este texto é uma homenagem a Florian Schneider (1947-2020), um dos fundadores do Kraftwerk.
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A década de 1980 foi marcada, musicalmente, pelo uso de sintetizadores. Depois de bandas como Kraftwerk e Emerson, Lake & Palmer colocarem as teclas como um instrumento vivo nas décadas de 1960 e 1970, o Rock da década de 1980 viu surgir uma indústria de teclados variados que se tornaram influentes para a música numa estética de “composição pela alienação futurista”. E este movimento musical se chama Synthpop.
O primeiro grande hit do Synthpop foi a canção “Cars” do músico inglês Gary Numan, abrindo novos caminhos musicais para bandas como The Human League, Depeche Mode, Devo, Heaven 17, OMD, Taco, Falco, Thomas Dolby, The Buggles, China Crisis, Soft Cell, Talk Talk, ABC, A Flock Of Seagulls, Spandau Ballet, Visage, entre outros.
Até mesmo os remanescentes das décadas anteriores aderiram aos sintetizadores como Alice Cooper, Neil Young, Robin Gibb (leia-se Bee Gees), Black Sabbath (se bem que na década de 1970 já havia em álbuns como Sabbath Bloody Sabbath o uso de sintetizadores!) e muitos outros.
As principais bandas deste movimento foram:
A-HA
Advindos da Noruega, o A-HA se tornou um símbolo do Synthpop com melodias românticas e uma conquista de fãs pelo mundo todo. Seu primeiro álbum, Hunting High And Low (1985), possui um dos maiores hits da década: “Take On Me”. Os álbuns seguintes Scoundrel Days (1986) e Stay On These Roads (1988) também foram sucesso de vendas e mantiveram o nível da banda.
ALPHAVILLE
Uma das bandas mais elegantes da década de 1980, o Alphaville lançou o primeiro álbum, Forever Young (1984), e emplacou, principalmente na Europa, grandes hits como a faixa-título e “Big In Japan”.
JAPAN
Apesar de um experimentalismo exacerbante, o Japan, do ilustre vocalista David Sylvian, floresceu numa influência gigantesca pela década de 1980. Muito ousados, o sucesso foi pequeno, mas álbuns como Queit Life (1979) e Gentlemen Take Polaroids (1980) são clássicos obscuros e essenciais do Synthpop.
TALK TALK
Talk Talk é sempre reconhecido pelo seu grande hit “It’s My Life”, do álbum homônimo de 1984. Mas álbuns como The Party’s Over (1982) e The Colour Of Spring (1986) também são ótimos.
THE HUMAN LEAGUE
Outra grande banda do Synthpop foi o The Human League. Advindos Sheffield, Inglaterra, Philip Oakey, Martyn Ware e Ian Craig Marsh, além das belíssimas cantoras Joanne Catherall e Susan Ann Sulley, trouxeram um dos maiores exemplos da década como o álbum Dare (1981), principalmente pelo hit “Don’t You Want Me”.
ULTRAVOX
O Ultravox possui duas fases distintas: a primeira, ainda pela década de 1970, mais Punk e New Wave; a segunda, já na década de 1980, totalmente Synthpop. O álbum Vienna (1980) é um clássico exuberante!
SOFT CELL
O vocalista Marc Almond e o tecladista David Ball formaram o duo Soft Cell. Um dos maiores hits não apenas do Synthpop, mas também de toda a década de 1980, “Tainted Love” (gravada originalmente em 1954 por Gloria Jones), é um manifesto moderno e crítico. E esta música está no álbum Non-Stop Erotic Cabaret (1981), um dos maiores da década.
DURAN DURAN
O Duran Duran foi outro grupo muito famoso da década de 1980, principalmente pelo sucesso de seus clips e por sua estética New Romantic; mas eles também tiveram no Synthpop sua criação musical básica. Seu segundo álbum de estúdio, Rio (1981), possui quatro singles arrasadores: “My Own Way”, “Rio”, “Hungry Like The Wolf” e “Save A Prayer”.
NEW ORDER
Com o fim da banda Joy Division (depois do suicídio do gênio Ian Curtis), Peter Hook, Stephen Morris e Bernard Sumner formaram o New Order. Deixando de lado as críticas filosóficas e obscuras de Curtis, álbuns como Power, Corruption & Lies (1983) e Low-Life (1985) rejuvenesceram seus músicos e clássicos como “Blue Monday” e “The Perfect Kiss” não apenas iluminaram ainda mais o Synthpop, como também o Rock e a Música Eletrônica da década de 1980.
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Talvez você leitor esteja se perguntando o que um texto como este sobre o Synthpop da década de 1980 tem a ver com Florian Schneider e a banda Kraftwerk. Praticamente tudo! A estética musical do Kraftwerk ressoou e ainda ressoa em toda a música moderna feita a partir da segunda metade da década de 1970. Álbuns como Autobahn (1974), Radio-Activity (1975), Trans-Europe Express (1977) e The Man-Machine (1978) se tornaram um escopo influente, talvez, até maior do que os Beatles.
Concluindo uma música hipnótica, melodicamente minimalista, oblíqua e executada apenas por meios eletrônicos, o Kraftwerk produziu uma nova forma de se pensar e, ao lado de Brian Eno, conseguiu criar novas formas musicais em texturas estruturadas além do Rhythm And Blues pela década de 1970. E, claro, a influência dessa música estourou em movimentos musicais como o Synthpop!
Por Eduardo Lima
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