Review: Green Day - American Idiot (2004)



Estreado em 20 de setembro de 2004, o conceitual American Idiot, dos pioneiros de uma geração, Green Day, aborda como tema os problemas sociopolíticos nos EUA, bem como isso reflete na rebeldia e revolta adolescente, principalmente, suburbana. Sendo uma verdadeira inovação como trabalho e criativamente bem composta, o álbum não tardou em se tornar um dos ícones musicais de sua época, tendo sucesso em ser também, divertido e aproveitável.

Definido como uma "ópera punk", American Idiot surgiu da vontade dos membros em mudarem o costumeiro rumo da banda. A relevância do trio havia decaído, mas ainda tinham vontade de ter um projeto criativo o bastante, capaz de reatar a força da banda. Havia tanta determinação no processo de criação das músicas que aquilo que estava surgindo já evidenciava novidade. Logo, concluíram que o novo álbum precisaria ter uma relação em suas letras e parecia ser a chance de libertarem uma maior criatividade. Foram totalmente apoiados pelo produtor a fazerem um álbum conceitual. Assim, nascia as primeiras construções de American Idiot, escolhido para expressar a indignação com as crises que emergiam no país através de uma interessante apresentação narrativa ao jovem rebelde "Jesus of Suburbia" que cria em sua mente a personalidade "St. Jimmy".

A obra é bastante instigante de ser ouvida e desperta interesse já pela forma como as músicas são compostas: duas canções em uma mesma faixa, e boa parte delas passando dos 5 minutos de duração. Apesar disso, o consumo da obra não chega a ser chato ou desgastante. Pelo contrário, isso aprimora a imersão, como se pedisse pela sua atenção constante. Tal decisão é uma estratégia do álbum em contar partes da história central, tornando a experiência prazerosa e fluida assim como a leitura de um livro.

O álbum é direto, bem como já abre com a faixa título "American Idiot". Deixando claro que não veio para dar meias palavras, o ritmo da música já vem com a energia conhecida da banda e desde a primeira linha já expressa bem o sarcasmo e revolta punk. Aqui fica evidente que, apesar de explicitamente abordar problemas políticos e possuir todo um clima de guerra, o álbum não tem um peso agressivo. Na verdade, torna-se agradável pelo fato da banda expressar inconformidade do seu jeito mais conveniente: o escrachado humor sarcástico, mantendo a essência conatural da banda.

As canções decorrem, cada uma com sua própria personalidade. "Jesus of Suburbia" é a alma do álbum: Nela, somos introduzidos ao personagem principal e sua vida caótica. Os vários atos que compõem a música, podem causar diferentes sentimentos, mas sempre como um conjunto completo. É musicalmente genial e para muitos, a favorita. "Holiday" e "Boulevard of Broken Dreams" estão juntas na mesma faixa e muito bem contrastadas. O agito e carisma da primeira é atenuado pela melancolia e calma da segunda, que se intensifica gradativamente. Mais duas canções memoráveis e não a toa, reconhecidas do álbum.

"Wake Me Up When September Ends" traz uma quebra na decorrência narrativa do álbum que não chega a ser desfavorável. A música faz uma viagem à infância de Billie Joe Armstrong, relembrando o luto pela morte do pai. Não deixou de ser remetida também como homenagem ao país, pelos ataques de 11 de setembro. A música carrega inteiramente profunda emoção e os vocais marcantes de Armstrong são cheios de sentimento. Digna, também, de nota. "Homecoming" é uma das últimas do álbum, tendo tantos conceitos quanto "Jesus of Suburbia". Cheia de personalidade, ela traz o gás da banda de volta além de ser complementada pela presença dos vocais dos três membros.

Está mais que recomendado. Aglutinado a uma contagiante sonoridade, o álbum não parou no tempo e suas mensagens ainda podem ser vistas como "voz àqueles que não tem." Marcou mais que uma nova fase na carreira da banda, um renascimento, que sem dúvida se comprometeu bem em embalar a adolescência de muitos. American Idiot é energético e ambicioso, podendo te conquistar antes que você se dê conta. Assim, o sucesso deste álbum pode ser atribuído a consonantes aspectos e todos eles consequentes da livre criatividade que os artistas tiveram em dar tudo de si por algo novo; garantindo que quando se dá espaço para a liberdade é dar também espaço a autenticidade, uma das vertentes para o sucesso.

Por Karol Santos


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