Ouvindo alguns discos de samba dos anos 70 nessa semana, me deparei com um velho conhecido: o primeiro Long Play de Adoniran Barbosa. Este disco era muito tocado em casa na minha infância e ficou marcado. Aqui, João Rubinato (lê-se Adoniran Barbosa) regrava velhos sucessos que saíram de sua malandragem paulista, mas também de um lirismo inocente e cativante, características marcantes do sambista.
O compositor viveu o auge de sua inspiração quando o rádio ditava a regra e os compactos simples eram lançados à exaustão, o que culminou na demora de um disco inteiramente seu. Somente em 1974, com uma capa pra lá de convidativa, gravata-borboleta e um chapéu de roda de samba, Adoniran interpretou seus sucessos (não apenas seus como também de outros artistas) e os colocou na praça para mostrar que São Paulo também tem qualidade, assim como grandes nomes do gênero no Rio de Janeiro.
Como não poderia deixar de ser, aqui podemos apreciar o grande sucesso Trem das Onze, a belíssima Iracema (ainda que numa mescla inteligente de drama e humor), a séria Bom Dia Tristeza e Já Fui Uma Brasa. Além disso, o disco lançado pela Odeon contém o sofrimento de uma pessoa que já viveu muito, mas que, com doses de bom humor, traz sagacidade e ironia como poucos. Claro, para Adoniran, era a coisa mais comum.
O trabalho contou com Theo de Barros e Miranda nos violões, Marçal na percussão e Xixa no cavaquinho. Com este time, Adoniran Barbosa registrou uma obra que já tinha visto a cor da luz no passado, mas que ganhou uma interpretação inesquecível com o próprio compositor, este que soube cantar sobre São Paulo e suas idiossincrasias como ninguém.
Por Johnny Paul (Vinho & Vitrola)
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