Dica do Garimpeiro das Galáxias: Cotton Mather - Kontiki (1997)

“Kontiki” foi o segundo álbum da banda americana Cotton Mather. Lançado originalmente em 1997, ele não obteve atenção nenhuma por lá até ser relançado em 1999 na Inglaterra, quando o jogo mudou e o disco tornou-se um cult clássico instantâneo.

Robert Harrison, fundador do Cotton Mather, nasceu em Austin, no Texas, passou sua infância sob a sombra do country até o dia em que sua mãe trouxe para casa uma cópia de “She Loves You” dos Beatles, a partir desse momento ele nunca mais seria o mesmo.

A sequência musical na vida de Robert logo acrescentaria entre seus favoritos os Stones, The Clash, Who, Elvis Costello, Dylan, Tom Petty e Big Star, formando assim as bases de sua essência criativa subconsciente.

Em 1990, Robert estava cursando teologia quando encontrou o guitarrista Whit Williams, amizade firmada, gostos compartilhados, amigos em comum e nascia ali a Cotton Mather.

Mas precisamos chegar a “Kontiki” e passar por cima de “Cotton is King”, primeiro disco lançado por eles.

E existe um porque para isso. “Kontiki” tinha todos os motivos para dar errado, gravado em cassete Adat de quatro faixas em vários estúdios de Austin e Nashville a ideia parecia experimental demais e ousada o suficiente quando ficava bem obvio que eles queriam soar o mais próximo possível dos Beatles em suas fases pós-Rubber Soul mesmo desprovidos de nenhuma tecnologia para isso, no entanto eles conseguiram um verdadeiro milagre: criar um dos discos mais fantásticos de todos os tempos, mesmo que condenados ao obscurantismo.

Quando “Kontiki”, pousou em solo inglês, as reações foram de perplexidade. Comentários diziam que ninguém jamais havia soado tão Lennon quanto Robert Harrison. O efeito é inacreditável quando se escuta cada faixa da obra, com exceção de uma ou outra canção que remete diretamente a Bob Dylan, o que temos em totalidade é a mais pura psicodelia Beatles ou algo que bem poderia soar como o melhor disco nunca gravado pelo Big Star, uma espiral alucinante que nos coloca em uma máquina do tempo em arremesso direto a ’65, ’66 e 1967.

Robert responde, quando indagado sobre a influencia dos Beatles: “Eles eram ótimos em fechar o mundo e usar sua vantagem monetária para criar uma atmosfera de sucesso para fazer arte. Nos foi concedido esse mesmo luxo através da pobreza.”

Em seu livro de 2007, Shake Some Action, John Borack classificou o álbum “Kontiki” no número 26 de seus 200 melhores álbuns de Power Pop de todos os tempos, comparando o álbum com os Beatles da era Revolver, Big Star e The Apples in Stereo.

A NME sugeriu que Cotton Mather poderia ser “a banda pop de guitarra mais empolgante desde o Supergrass”. Infelizmente não foi.

Apesar de todo o culto em torno da banda e do disco, não ter sido suficiente para vender muito. Os Gallaghers fizeram fila para se considerar fãs.

Por Nino Lee Rocker (@garimpeirodasgalaxias)


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