O muito aplaudido “1917”, do diretor Sam Mendes e lançado no prolífico ano para o cinema,
antecedente à pandemia, 2019, é baseado nas histórias contadas por seu avô paterno, que
lutou na Primeira Guerra Mundial. O filme apresenta a trajetória de uma dupla de soldados
na importante missão de entregar uma carta ao 2° batalhão do regimento de Devonshire, na
intenção de impedir o ataque planejado, ou sofrerão uma armadilha alemã. A missão quase
impossível leva os soldados a atravessarem território inimigo e suportarem eventos
excruciantes.
A proposta do filme parece simples, vista dessa maneira. No entanto, é uma jornada
intrigante e fácil de acompanhar. Um tópico relevante e que fica claro desde o início da
obra, é como ela consegue lhe imergir para dentro dela de maneira tão sutil e inconsciente.
A câmera se move no mesmo ritmo que os dois personagens, em ângulos que favorecem e
deixam confortáveis a perspectiva de estar assistindo tudo tão de perto, sem permissão de
cortes na cena. Tal estratégia muito bem maquinada resulta nesta interessante experiência,
que desperta o sentimento de ser mais que um espectador, mas um soldado a mais,
acompanhando o trajeto de Blake e Schofield.
A dedicação que foi dada ao realismo das cenas é muito nítida: Cenários bem construídos
e situados, o modo como Blake fica mais lívido conforme o sangue escapa de si, bem como
a cena em que o avião de combate aéreo cai, gradativamente, até colidir próximo a eles,
sem cortes nas cenas. Dessa forma, o filme aproveita do profundo nível emocional que o
espectador vai ganhando com as cenas, para dar suspense, surpreender e alimentar o
aguardo para o desfecho da história.
Por essa razão, a leitura do longa ocorre com fluidez. Mesmo os não conhecedores da
Primeira Guerra Mundial podem ser atingidos pela experiência. Não é de intenção da obra
retratar muitos bombardeios ou violência explícita, mas sim, apresentar uma jornada
emocionante onde cenas fortes não deixam de ser inevitáveis. Por outro lado, não é
descartável a possibilidade de espectadores se entediarem pela passividade e o ritmo com
a qual algumas cenas andam. Mas visto a missão que é encarregada aos personagens, e
ao contexto da primeira guerra não ter tido tantos avanços tecnológicos, nem por parte dos
ataques, não chega a ser um defeito exclusivo do filme.
No fim das contas, o veredito fica por você. A argumentação foi feita, a exposição,
comentada, mas é somente com seus próprios olhos que saberá a que ponto e em qual
ponto o filme lhe pegou. Desde já, advirto que há grandes chances de ser absorvido pelo
filme e tê-lo como útil. Recomendação garantida.
Por Karol Santos (@kaslyns)
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