Vinho e Vitrola #01: Os Mutantes - Tudo Foi Feito Pelo Sol (1974)

Para iniciar esta jornada maravilhosa aqui no Parede Elétrica (apresentação, aqui), decidi trazer um disco brasileiro, e trata-se de uma verdadeira obra de arte da música progressiva feita aqui em nosso país, falo de Tudo Foi Feito Pelo Sol, da banda Mutantes, lançado em 1974.

Já sem Arnaldo Baptista, que saiu da banda e se jogou em uma empreitada solo que ninguém queria investir, lançando o estupendo Lóki?, do mesmo ano, o irmão Sérgio Dias Baptista (guitarra e vocais), decidiu reconstruir a banda, já que Liminha (baixo) e Dinho Leme (bateria) também haviam abandonado o projeto. Desta feita, Túlio Mourão (orgão, piano e vocais), Antônio Pedro de Medeiros (baixo) e Rui Motta (bateria e vocais) completaram o time. O resultado foi este grande disco da resenha.

Tudo Foi Feito Pelo Sol foi lançado pela Som Livre após a quebra de contrato com a Philips. Assim, o plano de divulgação mudou e a extensa turnê de promoção do álbum se tornou a maior da história da banda, culminando, por consequência, na maior vendagem da discografia d’Os Mutantes.

O sexto trabalho da banda traz várias composições de Liminha em parceria com Sérgio Dias, como é o caso da avassaladora faixa de abertura Deixe Entrar Um Pouco D’Água No Quintal, da linda Desanuviar, da beleza de Eu Só Penso Em Te Ajudar e da ótima Cidadão Da Terra. Pitágoras, um instrumental criado por Túlio Mourão, é uma das minhas preferidas do disco e serve como ponte entre a primeira música e a terceira, a já citada Desanuviar. O Contrário De Nada É Nada, parceira de Túlio e Sérgio também abre caminho para o encerramento do LP, a música que dá título ao disco, um conjunto de beleza e viagem em espiral sem igual.

Tudo Foi Feito Pelo Sol é disputado a tapas e unhas por colecionadores europeus. No meu caso, encontrei duas versões em CD e não precisei passar por estes colecionadores sedentos por este espetáculo da Mutantolândia (risos). O encaminhamento progressivo dado aqui e iniciado em O A e o Z (que só seria lançado em 1992), culminou em um dos momentos de grande força da música feita no Brasil. Acompanha um bom vinho seco para filosofar com as pérolas líricas contidas aqui.

Por Johnny Paul (Vinho & Vitrola)


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