Vinho e Vitrola #02: Badlands - Voodoo Highway (1991)

É 1991, e o Grunge está acabando com o Hard Rock. Eis que surge um disco para quebrar os pilares ainda sensíveis da situação, vindo de uma banda nada mais nada menos composta por Jake E. Lee (Guitarra), Ray Gillen (Vocais), Jeff Martin (Bateria; substituto de Eric Singer a partir deste disco) e Gregg Chaisson (Baixo). Após o primeiro disco, lançado em 1989, Eric Singer saiu do grupo para integrar o Kiss, devido à saúde do saudoso Eric Carr, que morreria neste mesmo ano de 1991.

Ainda sob a tutela da Atlantic Records, trabalham num disco que é a soma de alma & coração, num Hard Rock como se deve fazer: riffs potentes, vocais rasgados, feeling ao extremo e técnica/alma apurados. Infelizmente, devido à problemas internos e discussões provocadas por Jake e Ray Gillen, o Badlands lançou somente mais um álbum e terminou as atividades.

O trabalho em si é dotado de muito talento, sem pompas e delongas que notavam-se em bandas oitentistas que preferiam passar horas do dia no salão de beleza, deixando o mais importante de lado, em um momento que o visual era, certamente, o cartão de visita de qualquer banda americana que desejasse ingressar no lucrativo mercado do Hair/Glam americano. É um álbum que, sem mesmo uma audição aguçada, percebe-se passagens e influências dos grandes anos 70, como Led Zeppelin e The Allman Brothers Band (Vide o trabalho de Jake com o violão em In A Dream, Joe’s Blues e Voodoo Highway; esta última algo que lembra Ice Cream Man do Van Halen).

As pesadas e contagiantes Whiskey Dusk, Love Don’t Mean a Thing e Heaven’s Train mostram o lado Hard Rocker e malandro do Badlands. Mas o destaque fica por conta da abertura do álbum, The Last Time. Uma ótima música para te fazer pisar fundo em um acelerador e com uma levada agressiva que te faz subir os pelos do joelho.

Apesar de tudo, o disco não vendeu bem, mesmo sendo uma verdadeira “coletânea” tão potente quanto Learn Into It, lançado pelo Mr. Big no mesmo ano de Voodoo Highway. E o “Long Live” não estava do lado dos californianos do Badlands, já que problemas iam e vinham internamente e, sem ao menos dar tempo de correr, Gillen foi diagnosticado com o vírus HIV, morrendo em sua casa em Nova Jersey em 1993. Em 1998, Jake (produtor de Voodoo Highway) decide lançar o álbum Dusk pela Pony Canyon, mas sem turnê de promoção.

Mesmo com críticas desfavoráveis e sabendo da potência deste trabalho, sei que você irá correr atrás do álbum para analisar com carinho. Ah, e não se esqueça de colocar no volume máximo, aliás, um trabalho que abre com The Last Time é coisa para literalmente atravessar as paredes de sua casa com o peito enquanto os rebocos se enfraquecem com os graves de Gregg Chaisson.

Se você gosta da luta insana que tiveram as bandas de Hard Rock nos anos 90, quando o mercado que um dia lucrou fervorosamente com o estilo se virava agora para o Grunge, certamente irá acertar uma bola na cesta ao ouviu Voodoo Highway.

Por Johnny Paul (Vinho & Vitrola)


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