O que aconteceu em Thrill of a Lifetime é muito parecido com o que ocorreu um ano antes com o Icon: uma mudança repentina e radical de direção. Em 1984, o Icon (David Michael-Philips, inclusive, já havia integrado o grupo no início dos anos 80) vinha com um forte registro de estreia homônimo onde um potente Hard ‘n’ Heavy sobressaía com maestria. Em 1985, com Night of the Crime nas prateleiras, a diferença de som de um álbum para outro é monstruosa, investindo pesado no AOR e deixando o peso que de outrora havia definido a banda como “um perigo promissor”. Em 1985, Ready to Strike, do King Kobra, tinha quase o mesmo lado da moeda do disco de estreia do Icon. Em 1986, Carmine Appice & Cia soltaram o “torce nariz” Thrill of a Lifetime. Sabe-se lá se a Capitol Records queria que a banda fizesse um som mais comercial na bagagem do AOR ou se o desespero era tanto que os membros realmente quiseram fazer isto, mas acabo ficando com a primeira opção, até porque Johnny Rod (baixo), Mark Free (vocais) e Mick Sweda (guitarra) se mandaram pouco depois do lançamento do álbum.
Thrill of a Lifetime tem uma ausência curiosa do overdrive de Ready to Strike, simplesmente quase nada, exceto pelas três últimas músicas: Overnight Sensation, Raise Your Hands to Rock e Party Animal. Mas o disco ainda carrega momentos legais como Second Time Around, Feel the Heat e Dream On, composições peças-chave para o que rolava na cena glam oitentista, vulgo “músicas para fazer dinheiro”.
O que parecia perdido no início da banda, com tantas rejeições e coisas parecidas, com uma pequena parcela de público agarrando com força o trabalho, acabou piorando com Thrill of a Lifetime. Nem parecia ser a mesma banda tocando. Mark Free (vocais), David Michael-Philips e Mick Sweda (guitarras), Johnny Rod (baixo) e Carmine Appice (bateria) até elevaram a pompa… o visual, que já era chocante, ficou ainda mais extravagante; muito mais cor e muito mais biquinhos. Foi em 1986 que a banda teve uma passagem memorável pelo Mexico (Acapulco) e Espanha (Madrid) para divulgar o disco. Momentos dos shows podem ser facilmente encontrados no YouTube.
O ponto alto de TOAL com certeza é Iron Eagle (Never Say Die), música escrita para o filme de mesmo nome, Águia de Aço, de 86, em uma tentativa descarada de imitar Top Gun – Ases Indomáveis, daquele mesmo ano, quando Tom Cruise ainda era um garoto. A música ganhou clipe e tudo o mais (assim como Hunger) e até teve execuções pontuais daquela leva “3 vezes por dia” na MTV, e mesmo assim as coisas pareciam não dar certo para o King Kobra. O filme também foi um fracasso.
Thrill of a Lifetime foi um passo em falso direto ao buraco, mesmo que a ideia fosse se direcionar para o lado comercial. Uma joia esquecida dos anos 80.
Por Johnny Paul (Vinho & Vitrola)
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