Review: Justin Sullivan - Surrounded (2021)

Não são todos que conseguem manter uma obra impecável quando em paralelo a suas bandas principais, no caso de Justin Sullivan, estamos falando do New Model Army, uma das bandas mais importantes que surgiram durante a década de 80.

Justin tem um perfil impregnado de personalidade forte, sempre foi voz ativa e criativa, alguém que gerou um culto em torno de si. Lógico que não se esperaria desapontamentos no anúncio de um trabalho solo. Coisa de respeito. Respeito que aplaudiu ‘Navigating by the Stars’, seu primeiro álbum sozinho, lançado em 2003 e que se repetiu em ‘Surrounded’, lançado 18 anos depois.

Com sua voz alternado entre a rouquidão e o aveludado, Justin cria uma atmosfera calcada em um folk poético que o coloca em um patamar de mestres como Tom Waits, Nick Cave e Mark Lanegan, algo impossível de se criar com sua banda principal e que hoje já conta com uma discografia de 15 discos.



Em ‘Surrounded’ há um maior refino em sua sonora introspecção, um álbum onde desfilam contos e histórias passadas, o ressoar na beleza da melancolia, sussurros funerais e boa música a nos levar, a flutuar no espaço temporal, preenchendo o vazio em pinceladas que dão cores sutis a uma tabula rasa.


Falar sobre momentos favoritos aqui é tarefa complexa, trata-se de um disco que soa ao todo, mas se tivesse de escolher uma delas, essa seria “Stone and Heather”, “Amundsen” ou a introdutória e fúnebre “Dirge”? Não, creio que não seja possível, não se pode desprezar um segundo que seja dessa obra. ‘Surrounded’ é um discaço!

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