O Melhor Show de Todos os Tempos do Último Final de Semana

“Titãs Encontro - Todos Ao Mesmo Tempo Agora Tour” (Foto: Fabiano Jr)

Um dos shows mais aguardados desde o seu anúncio enfim chegou a capital cearense. E não um show qualquer mas sim de reunião de uma das maiores bandas da história do rock brasileiro, os Titãs.

O grupo sempre teve seus shows lotados na cidade alencarina, seja na Praia do Futuro, festival Ceará Music, Parque do Cocó ou onde fosse. A última passagem da banda por Fortaleza foi em 2019, quando a formação virou um trio e passou a contar apenas com Sergio Britto, Branco Mello e Tony Bellotto.

Voltando para 2023, no dia 3 de junho, o local do show foi sido escolhido inicialmente no Marina Park e semanas depois transferido para o Colosso, que teve espaço capacitado para o show mas com péssimo acesso para estacionamento de veículos. Problema com o fluxo de automóveis e até mesmo na saída do evento com uma quantidade enorme de pessoas querendo sair no modo “todos ao mesmo tempo agora”. Fora os preços exorbitantes das bebidas nesses grandes shows, mas isso é outra história…

Vamos falar do show que é o que interessa.

Precisamente às 22h15, Arnaldo Antunes, Paulo Miklos, Nando Reis, Sergio Britto, Branco Mello, Tony Bellotto e Charles Gavin com a presença mais que ilustre do produtor e eterno baixista d'Os Mutantes, Liminha, fazendo as guitarras do saudoso Marcelo Fromer, o octeto entra no palco aos primeiros toques da introdução de “Diversão”, música que vem abrindo a turnê especial e originalmente cantada por Miklos.

Em seguida, a eufórica “Lugar Nenhum” e “Desordem” cantadas por Arnaldo e Britto, respectivamente, contidas no disco Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas (1987). Passando por essas, chega a hora de tocarem quatro músicas do consagrado álbum Cabeça Dinossauro (1986) como “Tô Cansado”, “Igreja” com o Nando dando as caras nos vocais, a clássica “Homem Primata” e “Estado Violência”.

A próxima do set é a emblemática “O Pulso” do álbum Õ Blesq Blom (1989) e o show volta para mais três do Jesus com “Comida”, “Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas” e “Nome aos Bois” com o Nando incluindo o nome de Bolsonaro entre os crápulas da humanidade e inflamando o público no fim da música ao gritar o já estabelecido: “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c….!!!”

“Eu Não Sei Fazer Música” do Tudo Ao Mesmo Tempo Agora (1991) e o aguardado hino “Cabeça Dinossauro”, encerram a primeira parte da apresentação. O próximo set seria acústico, contendo cinco músicas.

Antes de iniciar “Epitáfio”, do disco A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana (2001), surgem cenas de bastidores da banda com o guitarrista Marcelo Fromer, falecido em 2001, que leva o público a emoção. Chega a vez dos hits do aclamado Acústico MTV (1997) com “Os Cegos do Castelo” e “Pra Dizer Adeus” com a plateia totalmente extasiada.

Nando Reis e Tony Bellotto (Foto: Fabiano Jr.)

Fechando a homenagem, Arnaldo apresenta e chama para o palco Alice Fromer, filha de Marcelo, para cantar com a banda versões intimistas de “Toda Cor”, do primeiro álbum da banda Titãs (1984) e “Não Vou Me Adaptar”, do segundo disco Televisão (1985). Performance que rendeu grandes elogios. 

Voltamos para o set elétrico com “Família”, “Go Back” com o Britto mencionando Torquato Neto como o autor da poesia que o inspirou a criar a canção, “É Preciso Saber Viver” em memória ao “gigante gentil” Erasmo Carlos, coautor da canção junto com Roberto Carlos.

O sobrevivente Branco Mello se apresenta e agradece junto ao público por ter sido curado de um tumor na hipofaringe, cantando em sussurro as suas marcantes canções “32 Dentes” e “Flores”. Seguimos com “Televisão” e encerrando com as violentas do álbum Cabeça com “Porrada”, “Polícia”, com o trecho inicial de “Acorda Maria Bonita”, além de “AA UU” e “Bichos Escrotos”. 

Chegamos ao bis com o público fazendo o coro por “Marvin” e a banda voltando ao palco ao som da icônica “Introdução por Mauro e Quitéria” até iniciar “Miséria” uma das músicas mais incríveis do repertório dos Titãs e fechar com a “Vinheta final por Mauro e Quitéria”. O público enfim é atendido e a banda começa a executar “Marvin”, com o Nando jogando para a plateia iniciar os vocais da música e direito a Charles Gavin vestindo a camisa do time do Ceará.

Como já não era surpresa para ninguém e aguardado por muitos ali presentes, o show chega a seu fim com o mega sucesso “Sonífera Ilha”, encerrando um show que com certeza entrará para o hall dos maiores da história. A banda toda se despede e o som do PA toca “Domingo” e logo depois “ O Quê”, deixando apenas “A Face do Destruidor” e “Dívidas” para concluírem o Cabeça Dinossauro.

O Titãs provou que essa ideia de reunião foi e está sendo mais do que bem sucedida. Afinal, ninguém sabe quando poderemos ver estes dinossauros e verdadeiras lendas do rock brasileiro juntos mais uma vez, no que acabou se tornando uma oportunidade única para quem já era fã poder revê-los e quem é da nova geração, conhecê-los.

Sorte que eu fui, sorte de quem foi.

Setlist:

Set 1
Diversão
Lugar nenhum
Desordem
Tô cansado
Igreja
Homem primata
Estado violência
O pulso
Comida
Jesus não tem dentes no país dos banguelas
Nome aos bois
Eu não sei fazer música
Cabeça dinossauro

Set Acústico
Epitáfio
Os cegos do castelo
Pra dizer adeus Toda cor (Com Alice Fromer nos vocais)
Não vou me adaptar (Com Alice Fromer nos vocais)

Set 2
Família
Go Back
É preciso saber viver (Roberto Carlos cover)
32 dentes
Flores
Televisão
Porrada
Polícia
AA UU
Bichos escrotos

Bis
Introdução por Mauro e Quitéria
Miséria
Vinheta final por Mauro e Quitéria
Marvin
Sonífera ilha

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