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Mostrando postagens de fevereiro, 2023

Review: shame - Food For Worms (2023)

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Tem disco novo dos ingleses do shame na área e não se pode ficar sem falar nisso. ‘Food For Worms’ é a terceira obra dessa aclamada banda post-punk que atinge nesse álbum o melhor feito por eles até aqui. Mesmo que eles não sejam uma banda de fácil digestão, o prato é cheio tanto para admirados do estilo como para os inconformados com a mesmice. Há mudanças muito nítidas na sonoridade do quinteto, digamos, a esquisitice agora nos oferece mais argumentos para uma novo olhar, não há toda aquela metralhadora falatória dos dois primeiros discos – mesmo que eles tenham sido realmente ótimos. O shame caprichou bonito em ‘Food For Worms’, tente escapar do que faixas como “Adderall” ou “Orchid” nos oferecem. Um primor que os coloca acima da atmosfera que os rotulou. Sean Coyle-Smith e Eddie Green estão cada vez mais incríveis em suas guitarras, Charlie Forbes continua alucinado em suas batidas e quebradeiras, Josh Finerty impecável em seu baixo e cantando cada vez melhor. É um dis...

De olho nos selos #02: Matador

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No segundo bloco de lançamentos dos selos mais bacanas do planeta, apresentamos as novidades da Matador Records, gravadora independente sediada em Nova Iorque e que já lançou nomes como Car Seat Headrest, Belle and Sebastian, Gang of Four, Interpol, Kim Gordon, Pavement, Perfume Genius, Queens of the Stone Age, Yo La Tengo, Jon Spencer Blues Explosion, Kurt Vile, Sleater-Kinney, Cat Power, Sonic Youth, Superchunk, Teenage Fanclub, The Fall, The Pastels, Flipper, Guided by Voices, Pizzicato Five, entre centenas de outros. A gravadora teve início em 1989, fundada por Chris Lombardi, ao longo de sua história tiveram parceria com a Atlantic Records e também com a Capitol Records, atualmente pertecem a Beggars Group, operando em Nova Iorque e Londres desde 2009. Vamos a lista do que eles andam apresentando nos últimos tempos: Algiers Spoon Mdou Moctar Circuit des Yeux Lucy Dacus Steve Gunn Pavement Belle and Sebastian

Review: Death Valley Girls - Islands in the Sky (2023)

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Os americanos da Death Valley Girls chegam a seu quarto álbum e mais uma vez comprovam sua excelência musical. De sonoridade diferencial, eles já foram classificados como sendo uma banda de psycho rock espiritual, seja lá o que isso signifique. Tal diferenciação criativa não tardou para que chamasse a atenção da crítica e de vários artistas renomados, entre eles Iggy Pop que rasgou-se em elogios ao dizer que Death Valley Girls era um presente para o mundo. Com toda certeza há neles essência suficiente para tais aclamações: sonoridade que exala riffs proto-punk, melodias de earworm (aquelas que grudam na cabeça), letras extravagantes e instrumentação auxiliar lisérgica. O recém-lançado  ' Islands in the Sky '  evolui a passos largos o processo criativo da banda, liderada pela excelente vocalista Bonnie Bloomgarden. Em 11 faixas nos deparamos com um verdadeiro desbunde sonoro onde o mais do mesmo não possui lugar algum.

Review: Not Scientists - Staring At The Sun (2023)

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'Staring at the Sun', quarto álbum do Not Scientists, acaba de aterrissar no planetário alternativo e chega estremecendo bases. O quarteto francês explora com precisão cirúrgica elementos do post-punk e o faz de forma estonteante. Coloque seus ouvidos em faixas como "Like gods we feast" ou "Rattlesnake" e me diga se estou errado. Aposto todas as fichas, os Not Scientists estão a um passo de se tornarem algo de grandes proporções no cenário global e alternativo. Um achado!

Grandaddy e os graves os riscos da modernidade em 'The Sophtware Slump'

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Chat GPT, 5G, Coaching, apps que facilitam tudo a você, toneladas de informações de um nível de futilidade absurdo, fique rico e assine aqui, idiotização mental, Walking Dead vida real, Shaun of the Dead , falsas aparências, depressão, suicídio, ausência total de tempo onde só o que importa é um infinito correr atrás da máquina, mídias sociais agonizantes, vozes que não sabem o que dizem, para onde estamos indo? Eis uma pergunta que sequer é feita e por isso mesmo não se tem resposta. Jason Lytle sempre teve atração pelo deserto e a natureza, como Walden ou A vida nos bosques (livro de Henry David Thoreau ), mas a civilização sempre dava um jeito de o tragar de volta. A mente por trás das ideias que permeiam um dos discos mais geniais dos anos 2000, era uma alma aflita em busca de equilíbrio em meio ao caos. Sua banda, o Grandaddy, lançou 'The Sopthware Slump' anunciando o começo de uma década de mudanças colossais. Eles sentiam isso e queriam expressar o que sentiam. Na...

Ken Sharp: Uma vida absolutamente power pop!

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Ken Sharp, lendário jornalista e escritor musical americano é também um devoto apaixonado pelo glam setentista e o power pop clássico. Como músico sua obra é referência entre apreciadores dos referidos estilos citado anteriormente, mesmo que percorrendo os túneis obscuros do underground. Sharp tornou-se um excelente biógrafo, especializou-se como historiador do power pop e nessa área lançou obras aclamadas como Overnight Sensation - The history of the Raspberries , Power Pop!: Conversations With the Power Pop Elite , além de várias biografias de bandas como Beatles, Cheap Trick, Kiss, entre outras. Em 1994, após mais de uma década e meia engavetando canções de sua autoria, ele decidiu mostra-las ao mundo. Desde então já lançou vários álbuns e singles. As dificuldades não foram poucas ao aventurar-se por essa escolha, Ken teve de lidar com limitações e obstáculos que o fizeram priorizar mais o lado jornalístico e levar a música como curtição. A gente agradece que ele não tenha desis...

Review: Simon Rowe - Everybody’s Thinking (2023)

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Ex-Mojave 3 e Chapterhouse, o músico inglês Simon Rowe mudou seu foco artístico investindo com todas as forças em uma carreira solo focada na psicodelia folk e acaba de lançar seu primeiro registro intitulado ‘Everybody’s Thinking’. Nas 10 canções que compõe o álbum, Simon contou com a ajuda de antigos parceiros de caminhada – todos os integrantes da Chapterhouse e o baterista do Mojave 3. Uma união que se mostrou acertada, tudo em família para um fim benéfico a suas ideias musicais. Canções como “Saturn Saw Us”, “Everybody’s Thinking” ou “Over & Over” são magníficas manifestações de um psycho pop irresistível que simplesmente implora por repetidas audições. Uma excelente estreia solo que clama por ainda mais de Simon Rowe. Põe discaço nisso!

Review: Villages - Dark Islands (2023)

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‘Dark Islands’, segundo álbum da banda folk Villages, é um daqueles discos para se apreciar pela extrema beleza que exala, uma sensível carta de amor dedicada à sua ilha nativa de Cape Breton, na Nova Escócia. Com texturas doces, sutis e melodiosas o disco passeia quase que em sua totalidade entre sonoridades que por vezes relembram Fleet Foxes e The Avett Brothers, paz e quietude, mas não escondem seu amor ao Teenage Fanclub e Belle and Sebastian em determinados momentos. “Love Will Live On”, single que puxa os trabalhos do álbum fala sobre a necessidade do encontro com a calmaria da homenageada ilha, a urgência do escape da cidade que oprime no seu corre interminável onde sequer existe mais o tempo para coisa alguma, já havíamos abordado a mesma temática no novo álbum do King Tuff . Embora o conceito de ‘Dark Islands’ seja honesto e rico em pureza — algo muito característico nas boas bandas de folk rural —, aqui me veio a mente a lembrança do fantástico “Ballad of Easy Rider”...

Review: Scowl - How Flowers Grow (2021)

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Hardcore dos bons é quando nos pega de cheio, isso só pode ser traduzido no impacto de uma primeira audição, é como dizer “uau!” e esse sentimento se aplica a ‘How Flowers Grow’, disco de estreia da Scowl, banda americana de Santa Cruz, Califórnia. Um legítimo chute na cara ou melhor dizendo em 10 pedradas certeiras. A mestria do Scowl consegue fundir a pegada extrema com sons que podem beirar o punk/new wave incomum com direito até ao uso do sax, como no caso de “Seeds To Sow”. Em 16 minutos todo o recado é dado, característica clássica do hardcore antológico. Batera na velocidade da luz, riffs alucinantes e vocais urrados pela ultra competente Kat Moss, não dá sequer tempo de piscar os olhos e o disco já se foi pra que seja novamente colocado. Verdade seja dita, o Scowl está pronto para invadir a cena hardcore mundial com sua aspereza que mais parece um grito de desespero em formato sonoro. Punk rock na veia, meu chapas!

Review: Justin Sullivan - Surrounded (2021)

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Não são todos que conseguem manter uma obra impecável quando em paralelo a suas bandas principais, no caso de Justin Sullivan, estamos falando do New Model Army, uma das bandas mais importantes que surgiram durante a década de 80. Justin tem um perfil impregnado de personalidade forte, sempre foi voz ativa e criativa, alguém que gerou um culto em torno de si.  Lógico que não se esperaria desapontamentos no anúncio de um trabalho solo. Coisa de respeito. Respeito que aplaudiu ‘Navigating by the Stars’, seu primeiro álbum sozinho, lançado em 2003 e que se repetiu em ‘Surrounded’, lançado 18 anos depois. Com sua voz alternado entre a rouquidão e o aveludado, Justin cria uma atmosfera calcada em um folk poético que o coloca em um patamar de mestres como Tom Waits, Nick Cave e Mark Lanegan, algo impossível de se criar com sua banda principal e que hoje já conta com uma discografia de 15 discos. Em ‘Surrounded’ há um maior refino em sua sonora introspecção, um álbum onde desfilam con...

Review: Yo La Tengo - This Stupid World (2023)

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A banda americana Yo La Tengo já carrega em sua bagagem 4 décadas de experiência conquistada graças a sua originalidade dentro do indie alternativo e showgaze. Eles acabam de lançar ‘This Stupid World’, décimo sétimo álbum em sua discografia e mais uma vez não decepcionam. O álbum é resultado do processo criativo adotado pela banda, que se encontra regularmente para promoverem jam sessions em seu estúdio próprio sem a necessidade e o compromisso de pressões para produção de um disco, algo que faz com que tudo flua naturalmente. ‘This Stupid World’ é um legítimo convite para uma densa e belíssima viagem, alterna camadas e camadas de guitarras disformes com atmosferas que por vezes chegam a beirar o dream pop. Não é um disco de fácil leitura, mas por que haveria de ser? Os destaques vão para “Sinatra Drive Breakdown”, “Fallout”, “Aselestine”, “Until It Happens” e “Brain Capers” sem que se desmereça nenhuma faixa da referida obra. Críticas elogiosas pipocam por todos os lados na i...

Review: King Tuff - Smalltown Stardust (2023)

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Kyle Thomas é o cabeça por trás da incensada banda americana King Tuff e também faz parte da banda stoner Witch. Na Witch, ele segue os mandamentos de seu estilo musical, no King Tuff segue sua liberdade de expressão. Kyle montou o King Tuff em 2006, até agora já lançou 6 álbuns, o mais recente deles, lançado pela Sub Pop é ‘Smalltown Stardust’, disco que vem arrancando elogios rasgados de crítica e público. A fórmula sonora presente em sua obra até agora foi uma verdadeira miscelânea que se alternou de maneira brilhante entre garage rock, indie pop, power pop, neo-psychedelia, stoner e doom, mas modifica-se em ‘Smalltown Stardust’, dando lugar a uma atmosfera sutilmente mais psicodélica, branda e sofisticada. Uma pérola irresistivelmente bela. O álbum nos leva a uma viagem rumo a simplicidade de uma vida que clama pela necessidade da natureza por perto, do desligamento das pressões. A mata, a serra, os rios e o ar parecem ser a musa que inspiram a obra. Kyle Thomas diminui seu rit...

Review: Anna Calvi - Hunter (2018)

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‘Hunter’ é o terceiro e último disco completo, até o presente momento, lançado pela cantora britânica Anna Calvi, o que não significa que ela tenha encerrado suas atividades artísticas. Em 2022, dois singles vieram a tona com “Ain’t No Grave” e uma versão ao vivo da faixa-título do referido álbum, gravado ao vivo no The Roundhouse, que é essa a pauta para essa resenha. “Hunter” retornou por que há um motivo, ela dialoga e entrega algo de poder e força incontrolável. ‘Hunter’ foi o disco mais aclamado da artista que, nesse ponto, já era comparada ao nível de Patti Smith e P.J Harvey. Manter a obra fidedigna a esse padrão cult de crítica não é tarefa das mais simples. Para que este texto seja totalmente compreendido, seria bom que parássemos tudo por alguns minutos e ouvíssemos “Hunter”, a canção, sem que nada do mundo lá fora nos interrompa. Difícil, mas possível, tente fazer. O que você ganhará com isso? A resposta é um deleite de 4 minutos onde várias referências irão passear por...

Harvest Time: Os bastidores de ‘Harvest’ do Neil Young

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Será uma pena, mas as chances do documentário sobre as gravações do lendário ‘Harvest’ de Neil Young saírem algum dia no Brasil, são mínimas, não é algo do porte de Get Back de Peter Jackson, mas isso em nada diminui o poder imenso que essa obra revela. Assim como em Get Back , o documentário de Neil Young não explica como todas as sementes que originaram a obra foram plantadas, mas há inúmeras entrevistas que contam muito, além de fantásticas imagens panorâmicas do rancho da Califórnia que são de tirar o fôlego. O trabalho na Inglaterra com a Orquestra Sinfônica de Londres é outra das passagens mais cativantes do filme. O diálogo entre Young e seus acompanhantes, particularmente o maestro David Meecham, são enriquecedoras. Em um resumo da ópera, Harvest Time é como mais um dos trabalhos característicos de Neil Young, um artista de talento ímpar que se recusa a embelezar demais as coisas, uma personalidade forte mas reservada, portanto não espere uma super produção, apenas honest...

The Lemon Twigs - “Any Time Of Day”

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Com certeza será muito difícil encontrarmos hoje uma banda que soe tão sixtie pop quanto os canadenses do The Lemon Twigs. “Any Time Of Day”, single lançado há poucos dias, traz o aclamado glam barroco dos irmãos Michael e Brian D’Addario cada vez mais nostálgico e suculento, uma volta direta a um passado inesquecível de nossa música. Há um mês, eles já haviam nos surpreendido com a sensacional “Corner Of My Eye”, uma das canções mais belíssimas lançada nos últimos tempos. Ambas as faixas certamente estarão presentes no novo álbum ‘Everything Harmony’, previsto para sair em maio. Caso você ainda não os conheça, vale lembrar que há dois trabalhos lançados entre 2016 e 2018, os ótimos ‘Do Hollywood’ e ‘Go to School’, mas o que vem pela frente, ao que tudo indica, vai bem além de tudo o que fizeram anteriormente. Fiquem de olho.

De olho nos selos #01: Sub Pop

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Os selos de rock sempre caminharam em paralelo a história da música, controversos, eles oscilaram entre o bem e o mal, transformaram a vida de artistas, foram do humano ao desumano. Um contrato sempre foi o sonho de quem luta pelo reconhecimento, mas nem sempre assinar um deles significa a entrada definitiva em um mundo de consagração artística, muitos deles foram tratados com dignidade, é fato, mas outros não e dessa forma acabaram comendo o pão que o diabo amassou. São as regras de um jogo que nem sempre joga limpo, mas há exceções aqui. Nós da Parede Elétrica , orgulhosamente, inauguramos essa coluna que semanalmente irá trazer a vocês um pouco do que os selos de rock mais relevantes da atualidade e história tem apresentado como novidade ao mundo musical. Começamos essa jornada com um dos mais consagrados selos musicais, a Sub Pop. Sub Pop é uma gravadora independente criada em Seattle por Bruce Pavitt que tornou-se mundialmente conhecida por lançarem os primeiros registros de b...

Review: Young Fathers - Heavy Heavy (2023)

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Quarto disco dos escoceses do Young Fathers, ‘Heavy Heavy’ já tem despontado com um dos melhores álbuns lançados esse ano – bons argumentos é o que não faltam. Formado em 2008, o power trio já foi bastante premiado em cada um dos 3 discos anteriores a ‘Heavy Heavy’ e – ao que tudo indica – isso irá se repetir. A inclusão de 3 canções feitas pelo grupo na trilha sonora do cultuado T2: Trainspotting ajudaram a beça nesse processo de reconhecimento em torno deles. No disco recém-lançado, o que não falta é originalidade. O som que fazem é de muito bom gosto e criatividade, um mix que funde atmosferas de black music, lo-fi, indie, indietronica, art pop, noise, pop soul, alternativo e hip hop, um verdadeiro caldeirão que unificado os torna únicos. São 10 faixas que não deixam a peteca cair em momento algum, uma bela experiência sonora a nossos ouvidos. Não encontraremos um grande hit em potencial, mas sim, grandes e inspiradas canções do tipo de disco que soa bem do início ao fim. Deta...

30 anos de ‘Spilt Milk’ do Jellyfish

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Nunca esqueço o dia em que conheci o Jellyfish, uma tarde fria de 1993, naquele momento eu ainda não tinha conhecimento do álbum de estreia deles, meu contato foi direto com o disco sucessor  ‘ Spilt Milk ’ , o impacto foi devastador. Como fã de power pop, até então não havia presenciado algo que fugisse aos padrões normais do gênero baseados principalmente nas batidas Beatlemaníacas, não que isso não fizesse minha cabeça, fazia e muito, mas encontrar algo que colocasse nessa fórmula belíssimas dosagens de Queen, rock clássico setentista, ‘Pet Sounds’ e XTC literalmente me levou ao êxtase. A sucessão de canções geniais como “Joining a Fan Club”, “The Ghost at Number One”, “Sebrina, Paste, and Plato”, “New Mistake”, “Glutton of Sympathy”, “Bye Bye Bye”, “He's My Best Friend” tornaram esse álbum uma obra-prima altamente viciante e única. 1993 foi um ano em que ainda respirávamos atmosferas fortíssimas de Nirvana, Smashing Pumpkins, Depeche Mode, Lenny Kravitz, Jamiroquai, Radiohea...

Review: Ward White - Ice Cream Chords (2022)

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O recém-lançado disco do americano Ward White é simplesmente uma obra perfeita para quem admira gênios como David Bowie, Brian Ferry, The Cars, The Divine Comedy e Elvis Costello. Como diz o próprio título, trata-se de um legitimo caminhão de sorvete abarrotado de deliciosos sundaes sonoros. A desenvoltura para navegar entre o fino do art rock setentista, a nata do pop rock anos 80 e o rock mais alternativo atual, é incrível. Um disco irresistível. Tente não se render a canções como “Mezcal Moth”. Sem sombra de dúvidas um dos discos mais sensacionais lançados neste ano, pura inspiração sonora e refinada.

Review: The Foreign Films - Magic Shadows (2023)

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The Foreign Films é uma banda canadense liderada pelo veterano Bill Majoros e que acaba de lançar seu quinto trabalho, ‘Magic Shadows’ nos presenteando com uma obra-prima de referências diretas conectadas as décadas de 60 e 70. Majoros sabe muito bem como explorar belíssimas melodias vocais e usar todo seu conhecimento de causa no que se refere a extrair essências das mais relevantes obras da era Flower power, Summer of love, Bowie e T- Rex, sem deixar de mirar ardentemente na fase pós Rubber Soul dos Beatles, mas com um grande detalhe: fazendo isso do seu jeito. Um deleite. Destaques para “Perfect Future”, “Time Machine”, “House of Mirrors”, “Lost in time” e na genial “Cosmic Lover”, altamente inspirada em “Spirit in the Sky” de Norman Greene e Marc Bolan, um glam de cair o queixo, disparada uma pérola musical. Alto teor de nostalgia.

Review: Bass Drum of Death - Say I Won’t (2023)

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Foi preciso uma espera de 5 anos até que o Bass Drum of Death nos entregasse um novo álbum, mesmo que alguns ep’s tenham sido lançados nesse hiato. ‘Say I Won’t’, quinto trabalho desses americanos fora da casinha chega linear, inspirado e muito bem acabado, uma grata e empolgante surpresa. Ao todo a obra apresenta 12 canções que já começam incendiando tudo com “Find It” e a sequência segue na boa pegada em faixas como “Swerving”, na calmaria bacana de “White Vine”, na cadencia quase ramonica de “Everybody's Gonna Be There”, na levada stoner de “Say I Won't” e no hit certeiro de “Say Your Prayers”. O power trio de Oxford chega bastante lapidado em ‘Say I Won’t’ e isso pode agradar ou não aos admiradores da banda, por um lado é material com força suficiente para aumentar sua projeção, mas é meio óbvio que antigos fãs vão chiar sentindo falta do lado mais garageiro e zoeirento de seus trabalhos anteriores, mas é isso moçada, é normal que as mudanças aconteçam, mas saibam que nã...

Review: The Academic - Sitting Pretty (2023)

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‘Sitting Pretty’ é o segundo e aguardado disco dos irlandeses do The Academic, banda que mistura elementos que oscilam majestosamente entre o indie e o alternativo. Se em ‘Tales From The Backseat’ o grupo conseguiu aclamação com seu rock recheado de romances juvenis e tribulações da vida rural irlandesa muito bem embalados em uma sonoridade cativante, em ‘Sitting Pretty’ a coisa toda evolui deixando de lado a costumeira decepção dos fantasmas dos discos seguintes. Mais de 4 anos separam seu disco de estreia do ótimo álbum sucessor, nesse meio tempo eles conseguiram, mesmo o hiato pandêmico, percorrer toda Europa e América do Norte e agora se preparam pra encarar o grande desafio de manter a chama acesa. Em uma boa audição nas faixas que compõe ‘Sitting Pretty’ o que sinto é estarmos diante de um novo e ótimo DMA’s, britpop dos bons, feito por uma molecada com todo gás e bom gosto.

Jonathan Bree - ‘‘Pre-Code Hollywood’’

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Jonathan Bree lançou na última quinta (9) o primeiro single de seu quinto álbum ‘‘Pre-Code Hollywood’’, trabalho que será lançado em abril deste ano. Idiossincrático, enigmático e estiloso, Jonathan segue sem revelar sua face em suas atuações, o que torna seu espetáculo único. O single - ‘‘Pre-Code Hollywood’’ - segue em sua tradicional sonoridade, com exceção de um maior uso de sintetizadores, o que, de certa forma criam uma atmosfera mais dançante a sua obra (não é pra menos, tem a participação mais que ilustre de Nile Rodgers do CHIC), embora de um jeito contido e sofisticado. Uma coisa fica bem perceptível, não trata-se daquele mesmo Jonathan Bree de originalidade sem igual presente em seus primeiros álbuns que revelaram canções como ‘‘You’re So Cool’’, há um grande risco desse novo trabalho cair em um lugar comum, mesmo que continue sendo tudo feito nos trinques.

CVC: Joia psych-rock dançante entre as novas promessas britânicas

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CVC é a abreviação de Church Village Collective, é também o nome que batiza o sexteto galês que mais promete na atualidade após o lançamento de ‘Get Real’ um dos discos mais bacanas de 2023, álbum que certamente entrará na lista dos melhores do ano, ao menos aqui, na redação do Parede Elétrica . A história deles começa em 2019, como uma banda cover e de jam sessions que acabou apostando no autoral e em fração de segundos passou a arrastar multidões por onde iam, talento por todos os lados era o que não faltava e isso culminou em ‘Get Real’, uma pérola que exala a sonoridade captada das eras de 60 e 70 com uma vibe pop eletrizante e irresistível. ‘Real to Reel’, ep lançado em julho do ano passado, colocou na roda 4 faixas como aperitivo ao que viria pela frente, o gostinho de quero mais foi inevitável. Realmente, como dizia Hilly Cristal: ‘‘havia algo ali, tanto em som como em presença de palco e vibração musical’’. Com o lançamento de ‘Get Real’ o impacto é instantâneo quando nos de...

Review: Holy Popes - Holy Popes (2023)

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O post-punk tem renovado sua forças graças a ótima repercussão de bandas como IDLES, Fountains D.C., shame, Yard Act e Black Midi, mas o gênero não para de revelar boas novas e isso se aplica aos ingleses da Holy Popes, power trio residente em Bristol e que tem tudo para dar o que falar. Com dois ep’s lançados ano passado eles chegam a seu primeiro álbum com força total e qualidade ímpar. Com linhas de guitarras pesadas, baixo hipnotizante e bateria soando como trovão o trio costura uma sonoridade chapante que complementa de maneira perfeita os vocais angustiantes de Dominic Knight. Muito além do fato de ser apenas uma banda de post-punk, os Holy Popes são ideológicos e atiçam fogo em sistemas de opressão, capitalismo, religião e patriarcado, cada uma das 11 faixas presentes em seu álbum homônimo de estreia são gritos de guerra contra as influências nefastas de um mundo onde somos cada vez mais esmagados pela tirania do poder. Vale o confere.

Review: Anton Barbeau - Stranger (2022)

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Mesmo que passe despercebido aos ouvidos das massas, Anton Barbeau é mais um daqueles artistas que não merecia isso quando se busca pelo diferencial, mas a grande pergunta que faço é: será que que ainda se busca por isso em um mundo onde a cultura pop jaz em um círculo vicioso que nos tornou cegos a praticamente tudo que não seja o mais do mesmo? O prolífico músico americano até agora já lançou quase 40 trabalhos, grande parte deles em solo europeu, onde manteve residência durante a maior parte do tempo em sua carreira artística iniciada no começo dos anos 90. Sua obra pode ser comparada a genialidade do XTC, alterna entre o power pop, pitadas eletrônicas e exala por vezes uma linha poética e vocal que remete a Lou Reed, o que torna cada trabalho extremamente curioso e isso está evidente em ‘Stranger’, seu mais recente álbum, lançado no final do ano passado. Mesmo que seja uma obra onde permeia a estranheza é impossível não se deleitar em várias de suas 14 canções em que destaco o s...

Lançamentos mais ouvidos: Janeiro/2023

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Estamos de volta! Iniciamos o ano com uma seção bastante querida pelos nossos leitores e que fazia alguns anos que estava inativa. Para quem não conhece, leia a descrição abaixo e confira os destaques mais relevantes desse primeiro mês de 2023. "A ideia é indicar para os nossos leitores os lançamentos que foram mais escutados pelo blog e que merecem destaque. Com uma faixa de cada álbum, como uma amostra servindo de introdução para cada disco." Este post é referente a Janeiro de 2023 . *** Iggy Pop - EVERY LOSER (Gold Tooth/Atlantic) Estilo: Garage Rock Revival/Post-Punk Anti-Flag - LIES THEY TELL OUR CHILDREN (Spinefarm) Estilo: Pop Punk/Skate Punk Fred Hersch & Esperanza Spalding - Alive at the Village Vanguard (Palmetto) Estilo: Vocal Jazz Moby - Ambient23 (auto-lançado) Estilo: Ambient/Drone Gaz Coombes - Turn the Car Around (Hot Fruit/Virgin) Estilo: Indie Rock/Neo-Psychedelia Obituary - Dying of Everything (Relapse) Estilo: Death Metal Circa Waves - Never ...