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Mostrando postagens de junho, 2022

Grauzone: A lenda do New Wave Suíço

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Os suíços da Grauzone conseguiram um relativo reconhecimento no Brasil durante a década de 80 graças a uma coletânea lançada por aqui em um esforço da lendária radio carioca Fluminense FM. A compilação de nomes obscuros até então foi lançada em 1983 e ganhou o nome de “German Rock”, na época o disco virou item fundamental a todo descolado de plantão, correu livre entre fãs de tecno pop, new wave e surf rock, mas acabou muito distante de causar impacto comercial. Entre as 10 bandas selecionadas para o disco estava a Grauzone com a clássica “Eisbar”, um hit instantâneo da New Wave e é deles que vamos falar um pouco agora. Logo se percebe que não eram alemães, mas o que então os colocou num disco dedicado a bandas da Alemanha? A resposta é porque “Eisbar” entrou nas paradas de sucesso por lá, uma fama que transitou meteoricamente entre a Alemanha e a Áustria. A banda foi formada em 1979, depois que Marco Repetto (bateria) e GT (baixo) deixaram a banda punk Glueams para formar um novo grup...

Vinho e Vitrola #07: King Kobra - Thrill of a Lifetime (1986)

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O que aconteceu em Thrill of a Lifetime é muito parecido com o que ocorreu um ano antes com o Icon: uma mudança repentina e radical de direção. Em 1984, o Icon (David Michael-Philips, inclusive, já havia integrado o grupo no início dos anos 80) vinha com um forte registro de estreia homônimo onde um potente Hard ‘n’ Heavy sobressaía com maestria. Em 1985, com Night of the Crime nas prateleiras, a diferença de som de um álbum para outro é monstruosa, investindo pesado no AOR e deixando o peso que de outrora havia definido a banda como “um perigo promissor”. Em 1985, Ready to Strike, do King Kobra, tinha quase o mesmo lado da moeda do disco de estreia do Icon. Em 1986, Carmine Appice & Cia soltaram o “torce nariz” Thrill of a Lifetime. Sabe-se lá se a Capitol Records queria que a banda fizesse um som mais comercial na bagagem do AOR ou se o desespero era tanto que os membros realmente quiseram fazer isto, mas acabo ficando com a primeira opção, até porque Johnny Rod (baixo), Mark Fre...

Meus 5 Discos Preferidos: Juliana Valle (OZU)

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Depois da resenha que publicamos feita pelo nosso colaborador e irmão, Nino Lee Rocker , sobre o álbum Burnout (2022), acabou gerando um convite feito para Juliana Valle, do trio OZU, para nos revelar quais são os seus cinco discos de cabeceira ou essenciais… Enfim, que tenha uma significativa importância em sua vida. Um muito obrigado por ter aceitado nosso convite, Juliana! A seção, você já conhece — chega mais e confira! OZU Burnout (2022) “Primeiramente OZU. Não poderia deixar de citar, uma vez que é a minha banda e que acabamos de lançar este álbum. Não só por isso, mas sendo bem suspeita, é realmente um álbum em que gosto muito. Uma linguagem bem diferente do nosso primeiro álbum “INNER” e que mostra, claramente, uma nova fase, que traz um lado mais solar da OZU.” Mônica Salmaso Corpo de Baile (2014) “Sou apaixonada por música brasileira e a Mônica Salmaso é a minha maior referência. Para quem me conhece como cantora da OZU, certamente não esperaria isso, mas de...

Os 50 anos de Ziggy Stardust e um depoimento

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Acho que aqui começa mais uma das minhas jornadas pelos anos 1970. Quando era adolescente entrei de cabeça e tudo no punk, passando pelas primeiras bandas de heavy metal, classic rock e o rock progressivo que eu ainda aceitava era o Pink Floyd. Antes de ouvir David Bowie, eu o vi e fiquei intrigado. Com o seu visual andrógino (que passou a usar depois do início de carreira), fiquei me perguntando: “Como será o seu som?”, “As letras dessa ou desse cara?!” e coisas do tipo. O marco zero foi o vídeo de “Starman”, que também era o primeiro single do álbum e foi — literalmente — de cara que comecei a gostar daquele sujeito indeterminado. O rock’n’roll sempre teve dessas de utilizar um lado mais teatral em suas apresentações, com efeitos visuais e até mesmo peças de teatro em que não faria sentido se não fosse acompanhado de uma grande banda. E não é para menos, o “Spiders from Mars” era banda extraordinária. As minhas prediletas sempre serão “Moonage Daydream”, a maravilhosa “Lady Stardust”...

The Midnight - "Change Your Heart or Die"

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Sensação do sinthwave californiano, o duo The Midnight está de volta e chacoalhando os esqueletos ao fundir sua batida nostálgica com a pegada glam, característica do Def Leppard e Scorpions da década de 80 em ‘Change Your Heart or Die’, o novo single deles. O The Midnight é formado por Tyler Lyle e pelo produtor, compositor e cantor Tim McEwan, ambos inspirados pela paixão que nutriam pela trilha sonora de Drive (filme americano de 2011). De 2012 para cá, já lançaram 3 álbuns e várias participações em projetos de retro wave como o Timecop1983, conquistando cada vez mais notoriedade no segmento. O lema da banda é: “mono no ciente” (物の哀れ), uma frase japonesa que se traduz livremente como “uma sensação nostálgica e a consciência de que nada dura para sempre”. E pensando dessa forma, é melhor parar tudo que você está fazendo, se desconectar e cair dentro de ‘Change Your Heart or Die’. Dê um tempo no seu corre corre e bora dançar. A faixa é apenas um aperitivo de ‘Heroes’, quarto disco...

Kasabian - "Chemicals"

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Quando Tom Meighan anunciou sua saída do Kasabian e a banda entrou numa espiral de incertezas, confesso que me abalei. A meu ver, eles eram um dos melhores grupos nos últimos tempos e tudo levava a crer que chegavam ao seu fim. Tom era uma presença muito forte na banda, mas seus problemas com a depressão e condutas agressivas, que inclusive o levaram a uma condenação, eram difíceis demais para se lidar dentro de uma estrutura já consolidada no meio musical. O baque foi forte ali. O tempo passou, eles saíram um pouco do radar, mas então anunciaram a continuidade, dessa vez com Sergio Pizzorno assumindo os vocais. Algo que volta e meia ele já fazia. A noticia me empolgou. “Chemicals”, terceira faixa de seu novo disco “The Alchemist’s Euphoria”, primeiro trabalho sem Tom Meighan, acaba de ser lançada e surpreende novamente. Se vierem nessa vibe, certamente teremos um belo disco pela frente. Sorte nossa, nem todos conseguem. Algo muito comum entre as sensações do rock inglês, vide Keane, K...

Kula Shaker em triunfal retorno aos bons tempos

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Quando o Kula Shaker surgiu com o disco ‘K’, em 1996, e deu sequência com o magnifico ‘Peasants, Pigs & Astronauts’, em 1999, eu era um daqueles que os achavam a melhor banda do mundo. Quando não ouvia os discos em casa, andava com meu diskman tocando a banda ininterruptamente pra cima e pra baixo. Investia nos discos, investia nos singles, tudo era tão maravilhosamente sixtie e seventies, transcendental, hipnótico, vibrante, adorava o requinte sonoro, adorava as artes gráficas, mas então, um belo dia, o vocalista Crispian Mills começou a viajar além da conta. Falou com árvores em um Glastonbury e deixou sua sanidade questionada. Bom, você sabe, tabloides não perdoam, mas quem sou eu pra levar sensacionalismos a sério. Isso é mais do que comum em solo inglês. Mas é fato que algo aconteceu. 8 anos se passaram até que ‘Strange Folk’ fosse lançado e nele não havia aquela força anterior, meio tempo em que bandas como o The Coral foram surgindo e apresentando um conteúdo muito mais ...

Dica do Garimpeiro das Galáxias: Cotton Mather - Kontiki (1997)

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“Kontiki” foi o segundo álbum da banda americana Cotton Mather. Lançado originalmente em 1997, ele não obteve atenção nenhuma por lá até ser relançado em 1999 na Inglaterra, quando o jogo mudou e o disco tornou-se um cult clássico instantâneo. Robert Harrison, fundador do Cotton Mather, nasceu em Austin, no Texas, passou sua infância sob a sombra do country até o dia em que sua mãe trouxe para casa uma cópia de “She Loves You” dos Beatles, a partir desse momento ele nunca mais seria o mesmo. A sequência musical na vida de Robert logo acrescentaria entre seus favoritos os Stones, The Clash, Who, Elvis Costello, Dylan, Tom Petty e Big Star, formando assim as bases de sua essência criativa subconsciente. Em 1990, Robert estava cursando teologia quando encontrou o guitarrista Whit Williams, amizade firmada, gostos compartilhados, amigos em comum e nascia ali a Cotton Mather. Mas precisamos chegar a “Kontiki” e passar por cima de “Cotton is King”, primeiro disco lançado por el...

Banditos: Rock ‘n’ roll Garage Soul

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Os americanos da Banditos servem muito bem para quem curte soul music, servem muito bem para que curte garage rock aos moldes antigos, servem muito bem para quem curte vocais femininos poderosos e de presença, Mary Beth Richardson canta muito, prato cheio para quem curte rock de boa e possui bom gosto. O sexteto acaba de lançar seu novo single ‘Right On’ e não fazem feio. Como não fizeram em seus dois álbuns anteriores, um legítimo boogie gorduroso, que por vezes remete a ZZ Top, até o soul de pegada do Alabama Shakes”. Então, vamos conhece-los? Por Nino Lee Rocker  ( @garimpeirodasgalaxias )

Nightlife: O sublime encontro do peso com o R&B clássico

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Você já imaginou o que daria um cruzamento entre o R&B clássico com pegadas de metal e punk rock? Difícil crer que funcionaria, certo? Errado, funciona e muito bem feito nas mãos da Nightlife, uma das grandes surpresas entre inusitadas novidades no mundo do rock. O power trio de Baltimore formado por Hansel, Julian e Isaiah, criaram com maestria uma fusão indefectível de rock, R&B, metalcore, punk, jazz e soul em seu EP de estreia, o ótimo “New Low”. Se você é fã da boa música e curte dançar até soltar os bichinhos, precisa ouvi-los o mais rápido possível. Por Nino Lee Rocker  ( @garimpeirodasgalaxias )

DRAIN: Reinventando o Hard Core Old School

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A banda americana DRAIN, lançou o “California Cursed”, seu disco de estreia, em 10 de abril de 2020, mas todos os planos de turnê foram apagados imediatamente quando o Covid se infiltrou entre nós. Mesmo afastados de seu ambiente natural, o disco literalmente cuspiu, rosnou e abriu caminho para eles. Motivos para isso não faltaram, a banda praticamente reinventou uma sonoridade que andava soterrada, o hard core old school que se popularizou na década de 90, alternando-se em vertentes que geraram crossovers entre punk, metal, thrash metal e hip hop. Passada a pandemia, o que mais tem se falado nessa cena é sobre o impacto que o DRAIN vem causando em suas incendiárias apresentações. Muitas vezes a sensação que se tem é a de estarmos diante de um novo Pantera. Legítima porrada bem dada na cara! Por Nino Lee Rocker  ( @garimpeirodasgalaxias )

Pastel: Uma pintura viva da cena Madchester

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O sangue da madchester corre livre nas veias do quinteto Pastel, desde que se formaram em 2017. O cenário rocker de Manchester foi um dos grandes movimentos culturais da Inglaterra durante a década de 80 e 90, não há como esquecer de bandas como The Stone Roses, Happy Mondays, Inspiral Carpets, Oasis, James, 808 State e The Charlatans. Quando nos referimos aos anos 80 e de todo o cenário da Factory Records que revelou nomes como Joy Division, A Certain Ratio, Durutti Column, The Smiths e New Order. Muito mais do que uma região inglesa, Manchester foi e ainda é um grande celeiro de boas novas musicais. A Pastel é cria de toda essa atmosfera. Não há como deixa-los de lado se você é admirador daquele efervescente cenário. Se curte Stone Roses, então é um prato cheio mesmo que não exista muita inovação. Seus 7 singles lançados até agora, exalam pinceladas de uma garotada vibrante pintando o quadro de uma paisagem que cresceram vendo. Por Nino Lee Rocker  ( @garimpeirodasgalaxias )...

Review: Audrey Horne - Devil’s Bell (2022)

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O sétimo álbum da Audrey Horne, a banda, não personagem de Twin Peaks, chega em nossas mãos e ao alcance de todos para ser apreciado e novamente clamando por um reconhecimento mais justo por parte de todos. “Devil’s Bell” surge como sucessor do ótimo “Blackout”, lançado em 2018 e foi inteiramente composto e gravado durante o confinamento pandêmico. A fórmula segue similar aos trabalhos anteriores, uma legítima ode aos bons tempos da New Wave of British Heavy Metal, com boas pitadas de Thin Lizzy, só que dessa vez acentua-se um forte tempero na linha de Ozzy Osbourne. Comparações à parte, já que normalmente elas servem pra que você se situe, a real é que “Devil’s Bell” é um disco forte de rock, talvez o melhor desses noruegueses até agora, embora todos os 7 discos sejam realmente bons. Sempre tive um grande respeito por eles desde que — literalmente, chapei — quando os conheci, um tanto que tardiamente, através de “Youngblood”, quarto trabalho lançado pelo quinteto. “Redemption Blue...

The Gulps: A nova sensação do disco-punk

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Hoje radicados em Londres, a banda The Gulps na verdade é oriunda de vários lugares como Espanha,  Itália e Tailândia, um bando de malucos sedentos pela gloria do rock ‘n’ roll, como o vocalista Harry All, que antes de arriscar a sorte como músico era toureiro espanhol e sendo assim o medo é uma coisa que ele não tem. O guitarrista Charlie Green desde a adolescência sonhava com a ida para Londres, em uma entrevista para a NME ele falou sobre o assunto: “Estávamos realmente cansados ​​da nossa situação. É muito bonito aqui, a comida é incrível, o clima é bom, mas se você quer rock’n’roll, não vai encontrar. Você vai para o YouTube. Eu estava o tempo todo no YouTube assistindo a todos os festivais e todos os shows, sonhando com a ideia de ir para Londres. Era outro planeta, porque você não tem acesso a ele. Seu sonho é ir lá e fazer o que seus heróis estão fazendo.” Em um encontro que se estendeu por dias com Pete Doherty, em Barcelona, a vontade se transformou em uma questão de vida...

Review: Glassio - See You Shine (2022)

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O novo disco do americano Glassio, ‘See You Shine’, é um primor de tecno dream pop. Um álbum que aborda mudanças, perdas, luto e recomeços em uma viagem nostálgica suculenta que tem tudo para coloca-lo como um dos grandes lançamentos de 2022. Lembrando que seu álbum anterior, ‘For The Very Last Time’, já havia sido classificado pelo bandcamp, em 2020, como um dos melhores discos eletrônicos daquele ano. ‘See You Shine’ nos brinda com 17 faixas, que passeiam bonito pela vibe oitentista do tecno pop com um capricho digno de poucos hoje em dia. Em tempos de Stranger Things, a coisa cai como uma luva. Os destaques vão para “Queen of the Silver City”, “The Weekend”, “Everybody I Know Moved To LA”, “If Love Is All It Takes” e “Dynamites”. Resumindo a obra toda, não há nada nela que não tenha brilho. Glassio nos presenteou com uma verdadeira joia. Por Nino Lee Rocker  ( @garimpeirodasgalaxias )

O folk cinemático de Lord Huron, chega a seu quarto trabalho

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Lord Huron é um dos nomes mais interessantes quando o assunto é folk rock diferenciado. Sua sonoridade mescla western, folk rock, rock and roll, melodias pop e os gêneros surf rock, com trilha sonora e influências da nova era para produzir um som novo, descrito pelo The Wall Street Journal, como tendo “um toque decididamente cinematográfico, pesado no humor e evocativo e assim Lord Huron traz à mente o som solitário de antecedentes como The Band, Neil Young, My Morning Jacket e Fleet Foxes.” E assim, eles chegam a seu quarto álbum “Long Lost”, onde Ben Schneider, guitarrista e vocalista fundador do projeto, mais uma vez capricha no riscado. “Long Lost” nos apresenta 13 faixas, onde grande parte delas casariam perfeitamente em trilhas sonoras de Tarantino ou David Lynch, como no caso de “Your Other Life”, “Love Me Like You Used To”, “Long Lost” e “I Lied”. Verdadeiras pérolas musicais. Ok, o disco foi lançado ano passado, mas a gente tá aqui pra apresentar o recém-lançado vídeo feito pa...

Dica do Garimpeiro das Galáxias: Lighthouse - One Fine Morning (1971)

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O tempo é uma linha reta, o novo é sempre breve. Minhas próprias palavras ditas agora, já ficarão no passado e dessa forma tudo é tão somente um eterno presente. Dito isso, o tempo é sempre passado, presente e futuro. A forma em que vivemos o agora, formata nosso amanhã. Então, o melhor que se tem a fazer é buscar um bom uso para ele. Meu envolvimento com a cultura musical, por vezes garimpa o que há de novo, mas nunca esquece o que o passado deixou de relevante. Há sempre algum disco clássico, de conhecimento geral e unanime e há sempre um clássico onde é preciso escavar para obter acesso, meio que como um trabalho arqueológico mesmo. No mundo há pessoas que preferem ficar em um estudo básico e outras que seguem na busca de aperfeiçoamento e mergulho profundo em conhecimento. A segunda opção é mais complexa, pode não gerar retorno algum, mas colabora positivamente quando dá luz sobre algo que estava na obscuridade. Hoje em dia, as plataformas de streaming são ótimas para obter uma sac...

Dica do Garimpeiro das Galáxias: Klaatu - 3:47 EST (1976)

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O mundo vai virar poeira e mesmo assim os Beatles darão um jeito de propagar a Beatlemania entre os marcianos, um legado que jamais se apagará ou deixará de nos influenciar de uma forma ou de outra. Em meados da década de 70, uma banda canadense começou a rodar em algumas rádios e causou furor por todos acharem que se tratava de uma surpresinha dos próprios Beatles. Um retorno inesperado. A notícia correu e foi endossada quando ‘3:47 EST’, o primeiro álbum deles foi lançado e começou a ser divulgado sem muito alarde. E foi então que um jornalista, do periódico americano Providence Island, achou que o single ‘Sub-rosa subway’, parecia demais com o som dos Beatles e lançou o boato que marcaria a carreira da banda para sempre.  A banda em questão era a canadense Klaatu, um projeto lançado de maneira espetacular pela gravadora EMI, com uma tática inusitada. Para começar, eles se comportavam como um projeto de estúdio — não faziam shows ou aparições televisivas, não forneciam informaçõe...

Dica do Garimpeiro das Galáxias: The Sound Defects - The Iron Horse (2008)

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Sente-se confortavelmente em seu lugar predileto, relaxe, deixe seus problemas para lá, pense que tudo não passa de um sonho, pense na transitoriedade de todas as coisas, permita-se apreciar esse momento presente em que escutará o disco que te recomendo. Hoje nós vamos de ‘The Iron Horse’ do The Sound Defects. Você vai achar que está diante de uma trilha sonora, mas não é real. Foi feito para que parecesse, essa era a ideia do genial músico americano Brian Witzig e seus samplers cinemáticos quando o criou. Ácido, atmosférico e vibrante, Brian nos conduz em uma viagem única nesse álbum lançado em outubro de 2008 e que passou despercebido do conhecimento geral. Sorte nossa estarmos aqui passando os olhos pelo Parede Elétrica. Em 14 faixas o disco te leva ao espirito livre dos anos 60, um deleite em forma de resgate nostálgico. Os loops de bateria muitas vezes causam uma sensação de hip hop, jazz, psicodelia e algumas pitadas muito bem colocadas de guitarras pesadas. Um achado! Porque Bri...

Review: Anton Barbeau - Power Pop!!! (2022)

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Anton Barbeau é um músico americano radicado em Berlin, uma cria de Julian Cope, Robyn Hitchcock e XTC. Sua carreira já conta com mais de 20 discos lançados que alternam-se em estilos que vão do psicodélico ao power pop refinado, passando pela new wave e o experimental. Algumas de suas obras foram aclamadas nos subterrâneos, como no caso de “In the Village of the Apple Sun”, de 2006, descrita como “um clássico psicodélico perdido instantâneo”. Power Pop!!!, vigésimo sexto álbum de Anton, acaba de ser lançado e é mais um convite para que a gente o conheça caso isso ainda não tenha acontecido. Mesmo que o nome sugira um gênero especifico, Anton deixa claro que não se trata de um álbum que lida com aquela forma de música pop autolimitada baseada em guitarra, criada principalmente por e para homens não correspondidos que gostariam que os Beatles nunca tivessem convidado Dylan para seu quarto de hotel. Não. Trata-se de uma obra que pode muito bem ser classificada como um eletrônico lo-fi. V...

Dica do Garimpeiro das Galáxias: Silverhead - Silverhead (1972)

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O inglês Michael Des Barres ficou mundialmente conhecido graças a interpretação do Murdoc na série televisiva MacGyver na década de 80. Mas o que nem todos sabem é de seu passado como líder de uma das bandas mais cultuadas no lado B do glam rock setentista, a Silverhead. Embora incensados por um começo promissor que culminou na contratação pelo selo Purple Records do Deep Purple e no lançamento dos discos Silverhead (1972) e 16 e Savaged (1973) a banda separou-se pouco tempo depois. Com uma sonoridade fortemente hard e pitadas generosas do glam, realçadas em muito pela estética visual eles chamaram a atenção em sua meteórica passagem, dois álbuns até hoje celebrados e citados como referencia por muitos artistas que fincaram a bandeira do glam e duas turnês mundiais conturbadas que colocaram um ponto final em sua historia. De Barres seguiu sua vibe nos anos seguintes, formou vários projetos como a Detective, Checkered Past, teve uma rápida passagem pelo Power Station, The Michael Des Ba...

Review: Def Leppard - Diamond Star Halos (2022)

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Nunca esqueço meus frenéticos dias com o “Pyromania” do Def Leppard rolando em alta rotatividade no meu toca discos, éramos moleques deslumbrados com as novas e empolgantes descobertas e aquele disco nos pegou em cheio, era uma sensação bem similar a que tive quando descobri o “Highway to Hell” do ACDC, adrenalina pura, contagio total, um troço pra lá de grudento e rock ‘n’roll festerê. Mas em meio a tantos achados acabávamos tendo de decidir sobre continuar fielmente seguindo uma banda ou não, tudo dependia de um disco seguinte e no caso deles o “Hysteria” acabou deixando a desejar, mesmo que para a maioria tenha sido o grande disco do Def, para mim não era e explico: haviam muitas outras coisas me enlouquecendo mais naquele momento. Os anos se passaram e é inegável que eles deixaram sua marca na historia, uma historia de sonhos, lutas, dor, sucesso e fracasso, mas o fato é que o grito de guerra desses ingleses é o desistir jamais e assim eles chegam ao seu decimo segundo disco de est...

Review: OZU - Burnout (2022)

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Requintado é o termo mais apropriado para definir o grupo paulista OZU: refinamento, requinte, elegância, sofisticação e esmero. Formado em 2016 na cidade de Cotia, a banda apoia-se no Jazz para fundi-lo a sonoridades que trafegam entre o Trip Hop, Downbeat e Lo-Fi avançando a passos largos para o Neo-Soul e o NuJazz, algo que fica bem evidente em seu novo trabalho, o belíssimo ‘Burnout’. Francisco Cabral (Teclado), Sue-Elie Andrade-Dé (Guitarra) e Juliana Valle (Voz) integrantes fundadores do OZU, juntaram-se aos músicos Felipe Pagliato ( Bateria), Marco Stoppa (Trompete) e Fernando César Tadeu (Piano) para conceber um dos discos mais inspirados e sutis da nova musica  brasileira. A obra conta com 11 canções que caem como uma luva para aqueles momentos em que você chega em casa e precisa colocar em seus ouvidos algo que acalme seus nervos e o faça sair do ar, flutuar, não pensar, deixar que a musica o leve. Se a ‘síndrome de burnout’ define o esgotamento e a exaustão ao ...

Review: Arcade Fire - WE (2022)

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Devidamente separado aqui para constar na lista de melhores do ano está o novo álbum do Arcade Fire, o espetacular ‘We’, sexto trabalho em estúdio deles. Se existe uma banda que defina e eleve o conceito de art rock em tempo atuais essa banda é indubitavelmente o Arcade Fire, cada segundo investido em ‘We’ é como um passaporte para uma exposição artística única, você certamente lembrará da sua primeira vez… com ‘Reflektor’ ou o ‘Neon Bible’, por exemplo, certo? Se não foi seu caso, tudo certo, mas é uma pena, em um mundo cada vez mais dominado pelo descartável e sem alma o Arcade é uma bênção, uma necessidade. Tudo começa em ‘Age of Anxiety I’, onde Win Butler versa sobre o que é real, ser humano em duvida, era da ansiedade, ninguém dorme, as pílulas já não causam mais nenhum efeito, combate-se a febre com a tv, labirinto de espelhos, holograma de fantasmas, isso me faz parar e olhar para dentro de mim mesmo, sim, eu preciso ouvir isso. A mesma sensação tão familiar acontece majestosam...

Review: The Smile - A Light For Attracting Attention (2022)

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O novo projeto de Thom Yorke é fruto da parceria com o polímata musical Jonny Greenwood e Tom Skinner, baterista do Sons of Kemet. É o mais próximo que podemos chegar de um clássico álbum do Radiohead sem a presença de toda a banda, assim é o The Smile. Praticamente todo construído durante o isolamento pandêmico o trio capricha ao misturar novos elementos a sonoridade tradicional do Radiohead, claro, porque ela se faz presente, porém acrescida de pitadas pós-punk, rock progressivo, jazz, afrobeat e nuances orquestradas belíssimas. Soa como se eles pegassem tudo o que o Radiohead aprendeu ao longo do caminho e o canalizassem para outro amálgama único, o resultado  é brilhante, uma legitima viagem para o centro da mente. Não tenho como destacar nada que não seja o disco todo, só você experimentando pra sentir. Por Nino Lee Rocker  ( @garimpeirodasgalaxias )

Vinho e Vitrola #06: Supertramp - Crime of the Century (1974)

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Em meados de 1973, os britânicos do Supertramp, com dois álbuns lançados (o último, Indelibly Stamped, de 1971), não haviam conseguido lançar uma carreira sustentável com os mesmos e entraram em falência, obrigando o núcleo criador da banda, Roger Hodgson e Rick Davies, a terminar o Supertramp naquele ano de 71. Mas as coisas não pareciam ser tão simples assim, pois Stanley Miesegaes, o holandês milionário e patrocinador do grupo, resolveu terminar o contrato, deixando para os rapazes dívidas de cerca de 90 mil libras. O jeito foi reunir músicos e reformular o Supertramp, inclusive para salvar o contrato com a A&M. A correria começou quando os caras começaram a servir de banda de apoio para Chuck Berry pelo cachê. Passado algum tempo e com músicas sendo compostas para o sucessor do derradeiro Indelibly Stamped, o Supertramp entra em estúdio em Novembro de 1973 para as gravações. O que poderia acarretar no verdadeiro fim se os britânicos não tirassem seus nomes da lama, se tornou a ...